Um avião de transporte militar da Ucrânia foi abatido no leste do país, em meio a combates com rebeldes separatistas pró-russos, segundo autoridades ucranianas.
Eles dizem que o avião An-26, atingido a uma altitude de 6500 metros, foi alvo de "um poderoso míssil" que "provavelmente foi atirado" da Rússia. A tripulação sobreviveu, apontam os relatos.
O analista da BBC News David Stern disse que a acusação de que as forças russas abateram um avião ucraniano pode representar uma reviravolta no conflito. Se a Rússia tiver atingido o avião ucraniano do seu território, trata-se de um ataque de ordem maior.
Ele avalia que, para os ucranianos, não responder levantaria a suspeita de que sua acusação é falsa – ou demonstraria fraqueza da força militar da Ucrânia.
A Rússia não se pronunciou sobre o assunto. A Otan informou que soldados russos se acumulam perto da fronteira com a Ucrânia.
Um oficial da Otan confirmou à BBC que eles tinham observado um aumento significativo do número de soldados russos, chegando a 12 mil.
A Rússia nega apoiar e armar os separatistas e convidou os funcionários da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) para monitorar a fronteira com a Ucrânia.
“Mas o que pode fazer Ucrânia – declarar guerra à Rússia?”, questiona David Stern “O ônus da prova está com o governo ucraniano. No entanto, se eles mostrarem de forma convincente que os russos derrubaram o avião, eles também exigirão uma resposta dos aliados ocidentais da Ucrânia”, disse.
Se as autoridades ocidentais não fizerem nada, depois de terem prometido reagir a ataques russos, ele avalia que eles serão visto como traidores.
Apelo
Um comunicado no site do presidente da Ucrânia Petro Poroshenko diz que o An-26 foi abatido em uma "operação anti-terror" na região.
O ministro da defesa ucraniano Valeriy Heletei disse que uma operação de busca e resgate estava em andamento para localizar os tripulantes desaparecidos.
Andriy Lysenko, porta-voz do Conselho de Segurança e Defesa da Ucrânia, mais tarde foi citado pela imprensa ucraniana, dizendo que oito pessoas estavam a bordo do avião.
Em uma mensagem no Facebook, alguns dos participantes da "operação anti-terror" da Ucrânia disseram que sabiam "sobre o destino de dois dos tripulantes" e estavam confirmando informações sobre os demais.
As forças rebeldes – que anteriormente disseram que tinha como alvo a aeronave na região de Luhansk – alegaram que havia capturado a tripulação e estavam os questionando na cidade de Krasnodon, relatos nos meios de comunicação russos dizem.
No mês passado, os rebeldes derrubaram um avião de transporte militar da Ucrânia Il-76, que estava prestes a aterrissar no aeroporto de Luhansk, matando todos os 49 soldados e a tripulação que estava a bordo.
Na manhã desta segunda-feira, a força aérea ucraniana disse ter realizado "cinco ataques aéreos poderosos" na região, em um esforço para acabar com o bloqueio do aeroporto estratégico na cidade controlada pelos rebeldes.
Militares da Ucrânia disseram que o aeroporto tinha sido "desbloqueado" e que o Exército havia retomado várias aldeias.
Alguns ataques aéreos atingiram a cidade na segunda-feira, disse um morador de Luhansk à BBC na segunda-feira.
Enquanto isso, os rebeldes afirmam ter destruído um comboio armado ucraniano perto do aeroporto.
As lutas na área se intensificaram desde o ataque rebelde com foguete perto da fronteira com a Rússia na sexta-feira, matando pelo menos 19 soldados do governo.
O presidente Poroshenko prometeu retaliação ao ataque. Na segunda-feira, ele também disse que os policiais militares russos estavam lutando ao lado dos separatistas – alegação negada pela Rússia.
A tensão aumentou ainda mais no fim de semana, quando a Rússia acusou as forças ucranianas de atacarem o outro lado da fronteira, matando uma pessoa e ferindo outras duas.
Pelo menos 15 civis foram mortos em Luhansk e na região vizinha de Donetsk, no domingo, segundo relatos.
Alemanha e Rússia pediram que Kiev e os rebeldes negociassem diretamente.
E o Reino Unido e os Estados Unidos voltaram a pedir que a Rússia de acalmar a situação no leste da Ucrânia.
O primeiro-ministro David Cameron e o presidente Barack Obama destacaram que a Rússia precisa agir na busca da paz na região ou poderia enfrentar novas sanções.
Rebeldes separatistas têm lutado contra o governo em Kiev desde a declaração da independência em Luhansk e na região vizinha de Donetsk, em abril.
O governo deu início a uma "operação anti-terrorista" em abril para esmagar a rebelião nas regiões orientais.
Acredita-se que mais de mil civis e combatentes morreram nos combates, que se seguiu a anexação da Crimeia à Rússia, em março.