O presidente russo, Vladimir Putin, apelou neste domingo (31/08) para que a Ucrânia "inicie com urgência negociações sobre o modelo de Estado", para garantir os interesses da região pró-russa, condição indispensável, segundo ele, para o fim do conflito.
"Temos que iniciar imediatamente negociações substanciais sobre questões da organização política da sociedade e de modelo de Estado no leste da Ucrânia", afirmou Putin em entrevista à TV pública russa, de acordo com agências de notícias do país. Até o momento, a Rússia só havia pedido por mais direitos e um sistema federalista descentralizado para as regiões mais a leste da Ucrânia, onde vivem predominantemente pessoas que falam russo.
O porta-voz de Putin, Dmitri Peskov, disse mais tarde ser uma "interpretação absolutamente incorreta" entender que Putin estivesse pedindo que a independência da região seja colocada em pauta, e que o líder russo só havia pedido "conversações inclusivas" entre Kiev e os separatistas.
"Só a Ucrânia pode chegar a um acordo com a Novorossiya e ter em conta os interesses da população da Novorossiya", teria dito Peskov, segundo agências de notícias russas, usando um termo bastante usado no período czarista: "Novorossiya" (Nova Rússia). A palavra foi reintroduzida por Putin recentemente para falar sobre várias regiões do sudeste da Ucrânia.
Novas conversações em Minsk
Novas conversações estão previstas para serem realizadas na segunda-feira na capital bielorrussa, Minsk, entre representantes de Moscou, Kiev e da OSCE, mas não está claro se os separatistas vão comparecer.
Os comentários de Putin são susceptíveis de serem considerados como uma espécie de "ato falho freudiano" por Kiev e o Ocidente, que temem que Moscou tenha enviado tropas secretamente ao país vizinho e que esteja empenhado em formar um Estado pró-russo no leste da Ucrânia.
No programa de TV, gravado na sexta-feira, Putin não abordou diretamente a possibilidade de sanções ocidentais adicionais contra a Rússia. Mas culpou o Ocidente pela crise na Ucrânia, acusando-o de apoiar um "golpe" contra o presidente Viktor Yanukovytch, em fevereiro último.