O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou aos soldados que participaram de exercícios militares perto da fronteira ucraniana que voltem a suas bases. Até esta manhã, no entanto, a Otan afirmou não ter constatado nenhum movimento indicando a retirada das tropas russas. Paralelamente, a Rússia pede que o exército ucraniano encerre sua operação nas regiões separatistas do leste da Ucrânia.
Em um comunicado, o Kremlin indicou nesta segunda-feira (19) que o presidente russo pediu ao chefe do Estado-maior que enviasse a seus quartéis de origem os soldados que participaram dos exercícios nas províncias de Rostov, Bryanks e Belgorod – todas fazem fronteira com a Ucrânia. Vladimir Putin justificou essa ordem pelo fim dos exercícios de primavera.
Se confirmada, essa retirada acontece seis dias antes da eleição presidencial antecipada do próximo domingo (25) na Ucrânia.
O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, afirmou nesta segunda-feira que é necessário "redefinir" as relações entre Moscou e a Otan diante do conflito na Ucrânia.
"Essas relações devem ser profundamente repensadas e, junto com os parceiros da União Europeia e da Otan, tentamos compreender em que ponto estamos, em que pontos nossas avaliações coincidem e em que pontos divergem", disse o chanceler russo.
A presença de soldados russos em número – estimada em 40 mil militares pela Otan – nas regiões russas que fazem fronteira com a Ucrânia aumentou a tensão na região.
No dia 7 de maio, Vladimir Putin já havia anunciado a retirada das tropas das proximidades imediatas da fronteira. Tanto a Otan quanto os Estados Unidos disseram não ter observado nenhum sinal de redução da presença militar russa.
O Kremlin também declarou nesta segunda-feira que a Rússia pede que a Ucrânia encerre imediatamente "a operação repressiva e a violência" e retire suas tropas do leste do país. A declaração faz referência à operação "antiterrorista" lançada pelo exército ucraniano no dia 13 de abril. Segundo a ONU, cerca de 130 pessoas, entre soldados, separatistas pró-russos e civis, foram mortas durante a operação.
Federalização da Ucrânia
"O presidente Vladimir Putin comemora os primeiros contatos entre Kiev os partidários da federalização, que visam estabelecer um diálogo direto do qual devem participar todas as partes envolvidas", indicou o Kremlin.
Depois de uma primeira mesa-redonda em Kiev na última quarta-feira (14), que não resultou em nenhum avanço, os principais ministros do governo, dois ex-presidentes ucranianos, parlamentares e autoridades religiosas se encontraram no sábado (17) em Kharkiv, no leste da Ucrânia.
Nas duas reuniões, os rebeldes separatistas, chamados de "terroristas" por Kiev, não estavam representados. No segundo encontro o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Iatseniuk, rejeitou a ideia de federalismo.
Moscou, que o governo interino pró-ocidental de Kiev acusa de apoiar os separatistas no leste, defende o princípio de uma reforma constitucional na Ucrânia que levaria em conta a vontade das regiões pró-russas do leste.
Referendos organizados nessas regiões, e que foram denunciados por Kiev e pelos ocidentais, resultaram em uma vitória maciça do sim à independência. Já a Rússia questiona a legitimidade da eleição presidencial antecipada do dia 25 de maio.