A prioridade máxima da Ucrânia é construir um Exército forte o bastante para deter a agressão militar russa, disse o primeiro-ministro ucraniano, Arseny Yatseniuk, nesta sexta-feira, depois que as Forças Armadas do país relataram mais mortes em um conflito separatista.
A Ucrânia acusa a Rússia de enviar soldados e armas para ajudar os rebeldes pró-Moscou do leste a lançar uma nova ofensiva, em um conflito que já matou mais de 4.000 pessoas.
"Construir um Exército, que seja capaz de parar a agressão da Rússia, é a tarefa número um", disse Yatseniuk em entrevista coletiva transmitida pela televisão.
O aumento da violência, desrespeitos ao cessar-fogo e relatos de comboios armados sem identificação que entram na Ucrânia a partir da direção da fronteira russa têm despertado temores de que a frágil trégua firmada em 5 de setembro possa entrar em colapso.
Um porta-voz militar ucraniano disse que bombardeios entre as forças governamentais e os rebeldes continuaram nas últimas 24 horas nas regiões de Donetsk e Luhansk, resultando na morte de um soldado e de uma criança de cinco anos em ataques diferentes.
A perspectiva de uma guerra no leste da Ucrânia aumentou a pressão sobre a economia em dificuldades do país, levando a moeda local, grívnia, a desabar e a uma alta expressiva nos custos de empréstimos.
Yatseniuk disse que não espera que a economia cresça antes de 2016, e sugeriu o atual vice-ministro das Finanças, Vitaly Lisovenko, para o cargo de ministro das Finanças em um novo governo de coalizão.
Alerta Russo
Moscou e Kiev trocaram acusações de descumprimento do cessar-fogo nesta quinta-feira, e a Rússia alertou que uma retomada das hostilidades contra separatistas pró-Rússia no leste seria catastrófico para a Ucrânia.
A Ucrânia acusou a Rússia de enviar soldados e armas para ajudar os rebeldes a lançarem uma nova ofensiva no conflito, que já matou mais de 4 mil pessoas.
A violência crescente, as violações do cessar-fogo e os relatos de comboios armados não identificados vindos da fronteira russa aumentaram os temores de que a frágil trégua firmada em 5 de setembro desmorone.
Moscou nega as acusações de envio de tropas e tanques nos últimos dias e diz que o cessar-fogo, tal como delineado no protocolo de Minsk, é a única solução para o conflito.
“(O fracasso do cessar-fogo) não deve ser permitido… seria catastrófico para a situação na Ucrânia”, afirmou o porta-voz do Ministério russo das Relações Exteriores, Alexander Lukashevich.
A Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que monitora a trégua, relatou haver várias colunas de soldados e tanques sem identificação se distanciando da divisa com a Rússia.
Um repórter da Reuters viu uma coluna de 50 veículos viajando rumo ao bastião rebelde de Donetsk, no leste ucraniano, na terça-feira, armados com lançadores de foguetes e peças de artilharia.
Novos bombardeios sacudiram Donetsk, embora não tenha ficado claro quem disparava nem se os disparos partiam do aeroporto da cidade, onde tropas ucranianas e rebeldes disputam o controle das instalações, apesar da trégua.
Kiev, que fortaleceu suas defesas no leste da Ucrânia em caso de uma nova ofensiva, afirma que os relatos sobre as colunas confirmam suas acusações de que a Rússia está encaminhando reforços para os rebeldes. Um porta-voz militar disse que quatro efetivos ucranianos foram mortos nas últimas 24 horas.
Zoryan Shkiryak, assessor do Ministério do Interior da Ucrânia, alertou em um informe à imprensa em Kiev: “A probabilidade de outra possível invasão de tropas russas em território ucraniano é alta… pode acontecer a qualquer momento.”
Em comentários publicados nesta quinta-feira, o representante da Ucrânia na OSCE declarou a um jornal austríaco que agora é praticamente impossível falar em um cessar-fogo, citando supostas 2.400 violações dos rebeldes.