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Primeiro jornalista ocidental a entrevistar “Estado Islâmico” retorna à Alemanha

Após sete meses de negociações com líderes do "Estado Islâmico" (EI), o alemão Jürgen Todenhöfer foi o primeiro jornalista ocidental autorizado a viajar para Mossul. Ele ficou dez dias na cidade iraquiana, que se tornou bastião da milícia terrorista e onde agora se encontram 5 mil combatentes do grupo radical islâmico.

Acompanhando Todenhöfer em sua viagem à maior cidade ocupada pelo grupo terrorista estava seu filho, que filmou as entrevistas sem precedentes que seu pai realizou com os combatentes do EI.

 

Antes da publicação de seu livro Dez dias no Estado Islâmico, nesta segunda-feira (22/12), o jornalista de 74 anos declarou ao site TZ que o apoio ao EI na região, cujo território de domínio tem agora dimensões "maiores do que as do Reino Unido", é "quase um entusiasmo extático, algo que nunca havia visto em nenhuma outra zona de guerra". "O EI é muito mais forte do pensamos", afirmou.

Limpeza religiosa
 

De acordo com Todenhöfer, centenas de combatentes de todo o mundo estão chegando para apoiar o grupo todos os dias – o que ele descreveu como "incompreensível". Segundo Todenhöfer, seu principal objetivo é "planejar a maior limpeza religiosa da história".

 Anteriormente, Todenhöfer havia se hospedado no mesmo hotel em Benghazi em que ficara James Foley, jornalista americano decapitado pelo "Estado Islâmico" quatro meses atrás.

"É claro que assisti ao vídeo terrível, e brutal e uma das minhas maiores preocupações durante as negociações era como eu poderia evitar [o mesmo fim]", disse ele ao TZ.

Durante a visita ao "Estado Islâmico", no entanto, Todenhöfer dormia entre os combatentes no chão ou em colchões de plástico, em quartéis construídos "a partir de escombros de casas bombardeadas".

Aumento de apoio

Devido à ampla presença dos combatentes pela cidade, Todenhöfer afirmou que, se os americanos quisessem bombardeá-los, "eles teriam de reduzir toda Mossul a cinzas".

O jornalista afirma que, no final, os bombardeios aéreos terão pouco efeito sobre o EI, apesar dos relatos contrários divulgados pelos EUA na semana passada. "A cada bomba lançada que atinge um civil, aumenta o número de terroristas."

Na entrevista, Todenhöfer também disse que "sem a guerra perpetrada por George W. Bush no Iraque, não haveria nenhum EI."
 
O jornalista, especialista em Oriente Médio, já conseguira outros grandes feitos, como entrevistar o presidente sírio, Bashar al-Assad, em 2012.

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