Trinta anos depois da Guerra das Malvinas, o patriotismo volta a crescer nas ilhas, enquanto a Argentina busca pressionar a Grã-Bretanha por um diálogo sobre a soberania do território. Em Stanley, a silenciosa capital das ilhas, bandeiras do Reino Unido e bandeirinhas vermelhas, brancas e azuis estão sendo vendidas rapidamente. A polícia pede que os visitantes argentinos – em sua maioria veteranos da guerra de 1982 – não provoquem os moradores locais com a bandeira argentina.
Os moradores do território governado pela Grã-Bretanha dizem que os argentinos serão bem recebidos caso o governo desista de vez de disputar a soberania das ilhas. Mas poucos esperam que isso ocorra em um curto espaço de tempo. "O melhor que poderíamos esperar é que eles percebam que o caminho atual não está levando a lugar nenhum e que eles precisam começar a ser um pouco mais simpáticos conosco", disse Tim Miller, dono de uma loja de jardinagem nas Ilhas Malvinas, onde uma parafernália patriótica lota as estantes.
Uma série de declarações duras sobre as Malvinas feitas pela presidente argentina, Cristina Kirchner, nas últimas semanas tem alimentado o sentimento pró-britânico nas ilhas, situadas a aproximadamente 12,7 mil quilômetros de Londres e a apenas 75 minutos de avião do sul da Argentina.
Bandeiras das Malvinas e pôsteres onde se lê "Britânico até o coração" adornam muitas janelas de carros e residências em Stanley. "Muitos ilhéus comuns, que normalmente não se manifestariam sobre a questão da soberania, têm se mobilizado e é daí que isso vem", disse Miller, que perdeu a visão de um olho ao ser atingido por um estilhaço durante um bombardeio britânico no conflito de 1982, que durou 74 dias.
Alguns ilhéus são descendentes dos colonos britânicos que chegaram há oito ou nove gerações. Há uma comunidade considerável de imigrantes provenientes do Chile, mas os ilhéus mantêm características britânicas. Depois da missa de domingo na catedral anglicana, é servido chá e bolo de frutas, os carros andam pelo lado esquerdo das ruas e há competições de dardos nos pubs.