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Presidente da Embraer alerta para riscos do país

O presidente da Embraer, Frederico Curado, saiu preocupado com as incertezas sobre a atividade global, repetidas a exaustão no Fórum Mundial de Economia. Sobre o Brasil, vê boas perspectivas, mas reclama do custo da mao de obra, que considera "uma ameaça" para as empresas, e sugeriu uma efetiva desindexação da economia.

Depois de ouvir as avaliações de que o crescimento dos EUA será insuficiente para reduzir a taxa recorde de desemprego, de que a União Europeia continuará apontando para a recessão, e salvam-se Ásia e América Latina, Curado disse que a receita para a Embraer não tem mágica: "Vamos continuar investindo porque, se em dois ou cinco anos, o mundo voltar a um ciclo de crescimento, a Embraer precisa estar preparada para isso."

Os investimentos este ano, que serão anunciados dentro de alguns dias, devem superar os US$ 500 milhões, comparados aos US$ 450 milhões no ano passado. Mas o executivo estima que está cada vez mais caro produzir no Brasil. Para ele, com a solida situação macroeconômica do pais "a qualidade de vida e poder de compra melhoraram, mas têm ocorrido de maneira tão rápida e talvez um pouco desequilibrada. Uma melhora gradual seria ideal, não com grande salto imediato".

O executivo reclama que "agora as pressões no custo da mao de obra são gigantescas. No nosso caso, de mao de obra de engenharia, estamos caminhando para um aumento de custo intrínseco que, se pelo lado social é importante, pelo lado da economia á uma ameaça."

Segundo Curado, em dez anos, o custo nominal da hora na produção da Embraer subiu 75% em dólar, por conta de câmbio e aumentos salariais. A empresa conseguiu ganho em produtividade, mas que não compensa o câmbio desfavorável.

Ele alerta para o país "ter o cuidado de não cair de um extremo para outro, achar que estamos maravilhosamente bem e que não temos problema nenhum, e que nada pode dar errado, porque pode dar sim".

O que fazer? Sua proposta é desindexar a economia, que admite ser fácil de falar e difícil de fazer. "A indexação existe. Inflação zero no Brasil é 4% a 5%, temos essa inércia inflacionária".

Curado lamenta que o Brasil tenha perdido peso industrial, "algo inegável e que não pode ser escondido" e nota que está cada vez mais caro fabricar no país. "E com a guerra tarifária entre os Estados, o que é um incentivo para as importações, vemos como a situação é absurda."

O presidente da Embraer, que prefere sempre "ver a metade do copo cheio", acha que o governo de Dilma Rousseff tem demonstrado uma preocupação com a indústria brasileira que ele não via há muito tempo. Nota que o programa Brasil Maior não chega a ser uma política industrial estruturada, mas é um bom primeiro passo para ajudar na competitividade das empresas.

Mas sua preocupação é também com o impacto de uma guerra de subsídios deflagrada pela China, Rússia e Japão, novos concorrentes no mercado de jatos regionais. "A China apoia sua indústria maciçamente, sem transparência. Na Rússia também. Mas menos no Japão, que assinou acordos na Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico."

Para a Embraer, resta nesse cenário buscar equidade de condições através de ação diplomática, e do lado empresarial melhorar a inovação, investir e tentar aumentar a distância em relação aos concorrentes "porque eles chegam devagarzinho". (AM)

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