O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, disse nesta quinta-feira que o país se aproxima do final de quase 50 anos de guerra civil, e que seu governo estaria disposto a negociar seriamente com os rebeldes remanescentes. Há décadas essa nação andina enfrenta a violência provocada por guerrilheiros, paramilitares e narcotraficantes, mas uma ofensiva militar iniciada em 2002 reduziu drasticamente a intensidade do conflito, e contribuiu para atrair bilhões de dólares em investimentos externos.
Em discurso às Forças Armadas, Santos disse que o fim do conflito "vai se aproximar se perseverarmos, vai se aproximar se continuarmos tendo os sucessos que vimos acumulando." "Se amanhã (os guerrilheiros) perceberem isso e derem sinais e manifestações concretas de que não voltarão a enganar o povo colombiano, o Estado colombiano não terá problema em se sentar para procurar uma saída", afirmou.
Como ministro da Defesa, e depois como presidente, Santos esteve à frente de importantes vitórias do governo contra os grupos esquerdistas armados. A última delas foi a morte do líder guerrilheiro Alfonso Cano, no começo do mês, saudada pelo governo como pior golpe já sofrido pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).
Os avanços na questão da segurança, no entanto, não se refletem em outros problemas arraigados do país, como a estrutura fundiária ilegal, a criminalidade urbana e a corrupção alimentada pelo dinheiro do narcotráfico. E a guerra contra a guerrilha definitivamente não terminou. As Farc prometeram continuar lutando apesar da morte do seu líder, e nomearam um radical – cujo nome de guerra homenageia um general stalinista – para substituí-lo.
Timoleón Jiménez, o "Timochenko", criticou Santos por exibir os cadáveres de líderes das Farc, e disse que ainda há milhares de guerrilheiros dispostos a morrer pela implantação do comunismo na Colômbia. "Exibir poder e se portar de forma brutal e ameaçadora não irá conquistar a simpatia de ninguém", disse o novo líder rebelde nesta semana, em sua primeira mensagem desde a promoção. As Farc perderam nos últimos anos grande parte da sua capacidade de realizar ataques relevantes, mas mantêm presença importante em algumas áreas remotas do país.