O presidente afastado da Ucrânia, Viktor Yanukovych, reapareceu em público pela primeira vez desde que deixou o país na semana passada e prometeu “lutar pelo futuro da Ucrânia”.
Em uma coletiva realizada nesta sexta-feira em Rostov-on-Don, cidade no sul Rússia próxima à fronteira com a Ucrânia, Yanukovych afirmou não reconhecer o novo governo estabelecido pela oposição ao seu governo em Kiev e que ainda se considera o presidente legítimo do país.
"Continuarei a lutar pelo futuro da Ucrânia contra aqueles que não tentam ocupá-la por meio do medo e do terror", disse.
No entanto, o presidente disse não apoiar ações militares para reverter a situação no país: "Não há outra saída agora que seja uma solução pacífica".
Ele também afirmou ter “vergonha” dos acontecimentos em seu país nas últimas semanas.
"Tenho vergonha. Mais do que isso: peço desculpas a todos os ucranianos pelo que ocorreu na Ucrânia, por eu não ter tido a força necessária para manter a estabilidade no país e ter permitido esse completo desrespeito às leis que está acontecendo", afirmou Yanoukovych.
Deposto?
Yanukovych não era visto em público desde que um acordo foi fechado com a oposição no dia 20. O acordo previa a criação de um governo de união nacional, com representantes do então governo.
Mas, desde então, o Parlamento votou por afastar Yanukovich do poder e um novo gabinete de governo, sem a participação de representantes ligados a Yanukovych e seu Partido das Regiões, foi nomeado.
A crise começou em novembro quando Yanukovych recusou um acordo comercial com a União Européia (UE) que estreitaria os laços do país com o bloco em favor de uma aproximação da Rússia. Isso despertou a insatisfação de parte dos cidadãos e políticos que desejavam ver a Ucrânia mais próxima da UE.
Nas semanas seguintes, houve uma escalada da tensão no país, em que mais de cem pessoas morreram nos confrontos recentes entre manifestantes e a polícia, o que culminou com seu impeachment.
Nesta sexta-feira, Yanokovych discordou que tenha sido deposto. "Ninguém me derrubou. Fui forçado a sair do país porque a vida e a de meus entes amados estavam ameaçadas pelos vândalos fascistas que tomaram o poder", disse.
O líder ucraniano questionou a legitimidade do novo governo instaurado no país nesta semana ao dizer que ele não tem nenhuma "autoridade genuína perante o parlamento".
"Assinamos um acordo de trégua que não foi respeitado pelo outro lado. Fui cinicamente enganado. Pessoas que pregam a violência tomaram o poder", declarou.
Crimeia
Desde sua saída da Ucrânia, a região da Crimeia, no sul do país, tornou-se o principal foco de tensão no país. Ali uma parcela significativa da população é russa e fala o idioma do país vizinho.
Nesta semana, manifestantes pró-Rússia e pró-Kiev entraram em conflito na frente do parlamento regional. Edifícios do governo foram invadidos por aqueles que não aceitam o novo governo em Kiev.