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Potência impotente

Josemar Dantas


O conceito de desenvolvimento econômico pressupõe a justa distribuição do enriquecimento à coletividade, sob amplo arco de adequada qualidade de vida da população. Se lhe faltam tais atributos, diz-se que a maior expansão na apropriação da riqueza não vai além de crescimento econômico.

O Brasil se enquadra na segunda hipótese, notórios como são os baixos padrões sociais da maioria dos brasileiros. Aí está o retrato que precede a promoção do Brasil ao patamar de sexta economia mundial, até então ocupado pela Inglaterra. A ascensão surpreendente estriba-se em estudo da consultoria londrina Economist Intelligense Unit (UIA, na sigla em ingês). Validou a mudança de posição no ranking o fato de o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil (US$2,44 trilhões) haver superado o da Vellha Albion (US$2,41 trilhões).

Ganha a economia brasileira referência internacional sobre sua pujança, capacidade para avançar e reafirmar-se como dos mais atrativos canteiros para investimentos. Não há, contudo, motivos para exaltações aquém da verdadeira paisagem em que se movimenta a economia brasileira e se abriga bolsões de miséria.

A principal atividade industrial, a produção de veículos automotores, é exclusividade de empresas estrangeiras. Não há marca nacional. A maior fatia dos lucros aqui alcançados é repatriada para as matrizes no exterior. Em 2011, as remessas representaram nada menos de US$ 5,5 bilhões. São extensos os setores produtivos sob domínio da iniciativa internacional. Se, de um lado, os investimentos externos — devido à escassez de poupança e tecnologias internas — ajudam na criação de empregos e produzem expressiva renda fiscal, por outro mostram a face de uma economia colonizada.

O Reino Unido abastece os consumidores mundiais mais sofisticados com marcas próprias de carros de luxo, portadores de elevadíssima tecnologia, sem descartar a fabricação de modelos populares. Com foguetes e equipamentos tecnológicos de alta precisão maid in England despacha ao espaço exterior satélites de comunicação e para investigação científica.

Sua indústria aeronáutica, além de motores utilizados em escala mundial como propulsores da aviação civil (os Rolls Royce, por exemplo), manufatura eficientes aeronaves de ataque militar. Uma delas, o Harriet, é hoje uma das estrelas fulgurantes da constelação de caças-bombardeiros da Força Aérea Norte-Americana (Usaf).

Salvo a fabricação de aparelhos para o segundo nível da aviação civil, o Brasil passa longe do poderio tecnológico dos britânicos. Para reaparalhar a Força Aérea, o governo brasileiro comprará caças-bombadeiros a um dos três licitantes habilitados: Estados Unidos, França e Suécia.

Conforme classificação das Nações Unidas, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede a qualidade da saúde pública, o nível de renda, a educação e as disparidades sociais e regionais, situa o Brasil no 73º lugar entre 129 países pesquisados. Os ingleses ocupam a 18ª posição. A renda per capita no Brasil é de US$12,9 mil. Na Inglaterra, US$40 mil; na Noruega, US$59,3 mil; na França, US$33,1 mil. Na América Latina, vale citar o Chile e o México, US$ 20 mil.. Brasil sexta potência mundial?

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