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Por que Europa leva a sério hipótese de guerra contra Rússia

Europeus temem expansão do conflito caso a Rússia não seja detida no confronto contra a Ucrânia. Possível eleição de Donald Trump alimenta incertezas sobre liderança dos EUA na Otan.

(DW) A Otan está levando muito a sério a eventualidade de um futuro confronto com a Rússia. A aliança militar deu início na semana passada ao maior exercício militar desde o fim da Guerra Fria, chamado Steadfast Defender, do qual 90 mil soldados participam de manobras em países europeus até o fim de maio.

Cerca de 50 navios de guerra, 80 aeronaves e 1.100 veículos de combate participarão das manobras, que são as maiores desde a operação Reforger, em 1988, em plena Guerra Fria, quando a União Soviética ainda existia.

Os soldados vêm de todos os 31 países da Otan, bem como da Suécia, que se encontra em processo de adesão. Eles se preparam para um cenário hipotético no qual a Rússia teria atacado um país da aliança militar.

O Steadfast Defender tem o objetivo de mostrar que a Otan é capaz e está disposta a reforçar seu flanco oriental por meio do envio rápido e maciço de tropas. O exercício consiste no rápido deslocamento de grandes unidades de combate pela Europa Central, Norte da Europa e Sul da Europa para o flanco oriental da Otan.

Trump: contra a Otan

O temor de um futuro confronto com a Rússia cresceu depois da invasão da Ucrânia, há dois anos. E aumentou ainda mais com a dianteira do ex-presidente Donald Trump nas primárias do Partido Republicano. Tudo indica que ele será o adversário do presidente Joe Biden na eleição de novembro.

Quando era presidente dos EUA, Trump ameaçou tirar o país da Otan – e já expressou admiração pelo presidente russo, Vladimir Putin. Líderes militares e ministros da Defesa da Europa temem que, caso o republicano volte ao poder, haja um enfraquecimento da liderança dos EUA dentro da aliança militar.

Em paralelo, cresce também o temor de que a Rússia não seja derrotada na guerra contra a Ucrânia, que, segundo relatos, está estagnada. Diante desse cenário, não são poucas as vozes na Europa que alertam para os riscos de uma expansão da guerra e para a possibilidade de a Europa ter de se defender sozinha de um eventual ataque da Rússia.

Putin nega

“Quem acha que se trata apenas da Ucrânia está fundamentalmente equivocado”, disse o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, durante o recente Fórum Econômico Mundial, em Davos. O ministro alemão da Defesa, Boris Pistorius, foi ainda mais claro. “Temos que levar em conta que Putin um dia atacará até mesmo um país da Otan”, declarou ao jornal Der Tagesspiegel.

Esses temores são especialmente fortes em países vizinhos da Rússia, como a Estônia. Mas Pistorius esclareceu que não considera haver um risco imediato de que isso aconteça. “Nossos especialistas contam com um período de cinco a oito anos, em que isso poderia ser possível.”

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, afirmou que o enfraquecimento do apoio à Ucrânia pode fortalecer os inimigos do Ocidente. “Se Putin ganhar na Ucrânia, não vai ficar por aqui”, afirmou numa entrevista recente ao lado de Zelenski, em Kiev.

Já Putin nega ter essas intenções. Ele já assegurou à televisão russa não ter nenhum interesse em lutar contra países da Otan, “nem geopolítico, nem econômico, nem político, nem militar” – mas ele também havia negado que iria invadir a Ucrânia.

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