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Polônia pressiona aliados ocidentais com decisão inédita de envio de aviões de combate à Ucrânia

Quase 13 meses depois do início da invasão russa à Ucrânia, a Polônia se tornará oficialmente o primeiro país a enviar aviões de combate a Kiev. O presidente polonês anunciou que Varsóvia entregará nos próximos dias quatro jatos do tipo MiG-29 de fabricação soviética. A decisão polonesa, mais uma vez, eleva a pressão sobre os parceiros ocidentais, mas pode precisar de autorização da Alemanha.

(RFI) A remessa da Polônia não deve ficar só nessas quatro aeronaves. O presidente polonês, Andrzej Duda afirmou nesta quinta-feira (16) que esse primeiro lote, a ser enviado “nos próximos dias”, deverá ser seguido por mais entregas desses MiG-29 herdados da antiga Alemanha Oriental, nos anos 1990. 

Duda informou que a Polônia possui “uma dúzia” desses caças de fabricação soviética oriundos de antigos estoques alemães-orientais, sem especificar exatamente a quantidade. Mas ele ressaltou que os outros jatos primeiro têm que passar por uma revisão antes de seguirem para Kiev. 

O chefe de Estado polonês enfatizou que “os MiGs ainda estão em serviço na Força Aérea polonesa” e que a maioria deles se encontra em estado “plenamente operacional”. 

Ao todo, consta que a Polônia possui 28 aviões MiG-29, que estão em processo de serem substituídos por aviões FA-50, encomendados por Varsóvia à Coreia do Sul, além de F-35 comprados dos Estados Unidos. Esses caças mais modernos devem chegar à Polônia em meados do segundo semestre.

Varsóvia espera “coalizão maior”

Oficialmente, a Polônia se tornará o primeiro país a enviar caças à Ucrânia. Mas a Alemanha já havia enviado peças de reposição para a frota ucraniana de aviões MiG-29. Além disso, há rumores, não confirmados, de que a Macedônia do Norte teria fornecido a Kiev quatro jatos do tipo SU-25.

Ainda assim, a Polônia toma a frente dos aliados ocidentais da Ucrânia mais uma vez, e espera que outros países logo sigam o exemplo. O ministro polonês da Defesa, Mariusz Blaszczak, afirmou ontem que seus país quer enviar os MiG-29 ”no âmbito de uma coalizão maior de países”. Ele citou diretamente a Eslováquia, mas garantiu que Varsóvia está confiante de que outros países também se juntem à iniciativa polonesa. 

A Eslováquia declarou no ano passado que estava aberta a um debate sobre envio de aviões MiG-29 à Ucrânia. Em contrapartida, não tomou, até o momento, uma decisão final sobre  assunto.

Washington apoia decisão

Pouco depois do início da invasão russa, a Polônia tinha sugerido enviar os aviões MiG-29 à Ucrânia. Na época, o ministério da Defesa dos Estados Unidos avaliou a opção como muito arriscada, afirmando que a medida poderia ser entendida pela Rússia como uma entrada da Otan no conflito. Dessa vez, Washington disse que apoia a decisão polonesa, mas mantém sua decisão de não enviar caças modernos americanos F-16, como pede o governo em Kiev. 

Ao contrário dos F-16, os MiG-29 têm a vantagem de já integrarem a frota de Kiev. Com isso, os pilotos ucranianos não precisam de treinamento para utilizar os jatos. A desvantagem desse modelo é a defasagem tecnológica em relação aos caças que integram a força aérea russa.

Como um país vizinho da Ucrânia, a Polônia vem sendo especialmente afetada pelas consequências da guerra. Por isso se mostra bastante decidida na sua intenção de ajudar Kiev por todos os meios disponíveis. 

Pressão polonesa força reação alemã

A tática polonesa já fez efeito anteriormente, principalmente no que diz respeito à Alemanha. Foram as decisões de Varsóvia que levaram Berlim a abrir mão de sua resistência contra envio de sistemas antiaéreos Patriot. 

No caso do envio de tanques, foi também a Polônia que tomou a dianteira, pressionando o governo alemão a abrir mão de sua resistência contra o fornecimento de blindados de batalha. Varsóvia foi quem enviou os primeiros tanques Leopard-2, levando Berlim a não só autorizar o fornecimento dos tanques de fabricação alemã, como também a enviar seus próprios blindados de combate da mesma série.

As autoridades alemãs reagiram, como sempre, de maneira reservada, ao anúncio polonês. O ministro alemäao da Defesa, Boris Pistorius, afirmou que não foi informado oficialmente pela Polônia sobre o envio dos caças à Ucrânia. 

Ele também disse não ter confirmação de que as aeronaves são de antigos estoques da Alemanha Oriental. Caso esse detalhe seja confirmado, talvez o governo alemão terá de dar sua autorização para que o envio a Kiev aconteça. Questionado sobre essa possibilidade, o ministro desconversou, afirmando que prefere evitar responder a “questões puramente hipotéticas”. 

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