O ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, disse nesta quarta-feira que o país está preparado para melhorar os laços com o Pentágono, mas alertou que isso pode não acontecer se os Estados Unidos buscarem cooperar a partir de uma "posição de força", segundo a agência de notícias TASS.
"Estamos prontos para retomar a cooperação com o Pentágono, mas a tentativa de construir um diálogo com a Rússia a partir de uma posição de força será fútil", disse Shoigu, de acordo com a agência.
"Esperamos clareza sobre a posição do Pentágono", acrescentou.
Republicanos do Senado pedem respostas sobre laços da equipe de Trump com a Rússia
Importantes republicanos fizeram a mais ousada objeção até o momento ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta quarta-feira, ao prometer chegar ao fundo sobre a relação entre assessores de Trump e a Rússia, e pedir que o conselheiro de segurança nacional demitido Michael Flynn testemunhe perante o Congresso.
O senador Bob Corker, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, e outros senadores do partido de Trump pediram mais informações, enquanto a Casa Branca se vê envolvida em uma série de questionamentos sobre os contatos entre a equipe de Trump e a Rússia.
O jornal New York Times noticiou na terça-feira que registros de chamadas telefônicas e chamadas interceptadas mostraram que membros da campanha presidencial de Trump e outros associados de Trump tiveram contatos repetidos com importantes autoridades de inteligência russas nos meses que antecederam a eleição de 8 de novembro, em que Trump derrotou a democrata Hillary Clinton.
Flynn foi repentinamente forçado a deixar o cargo de conselheiro de segurança nacional de Trump na segunda-feira, depois de ter sido revelado que ele discutiu as sanções dos EUA contra a Rússia com o embaixador russo em Washington, antes de Trump assumir o cargo, e que ele posteriormente enganou o vice-presidente Mike Pence sobre as conversas.
"Vamos revelar tudo o mais rápido possível sobre essa questão russa", disse Corker ao programa "Morning Joe", da MSNBC.
"Eu gostaria de ter certeza, com toda essa suspeita, de que todo mundo entende o que aconteceu, caso contrário, talvez haja um problema que, obviamente, vai muito mais fundo do que agora suspeitamos", acrescentou Corker.
A saída de Flynn foi a mais recente de uma série de equívocos e controvérsias da Casa Branca desde que Trump tomou posse em 20 de janeiro. Corker expressou seu alarme sobre o modo como o governo está funcionando, referindo-se a "tanta maledicência".
"A Casa Branca vai ter a capacidade de se estabilizar?", perguntou, expressando também preocupação de que a questão russa possa "desestabilizar nossa capacidade de avançar como país".
O senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, uma proeminente voz republicana na política externa e que foi crítico de Trump, pediu uma investigação bipartidária mais ampla do Congresso, a ser conduzida por um comitê especial, se a campanha presidencial de Trump tiver mantido contato com os russos.
"Se é verdade, é muito, muito perturbador para mim. E a Rússia precisa pagar um preço quando se trata de interferir na nossa democracia e em outras democracias, e qualquer pessoa de Trump que trabalhou com os russos de uma forma inaceitável também precisa pagar um preço", disse Graham ao "Good Morning America", da ABC.
Em uma série de mensagens no Twitter na quarta-feira, Trump chamou de absurda a reportagem sobre a conexão russa com a sua equipe, acrescentando: "O verdadeiro escândalo aqui é que a informação confidencial foi ilegalmente dada pela 'inteligência' como doce".
Corker chamou os vazamentos aos meios de comunicação como uma mera "sub-questão", dizendo que o principal era "chegar ao fundo sobre a interferência russa e qual foi o relacionamento com os associados de Trump".
As agências de inteligência norte-americanas concluíram anteriormente que a Rússia invadiu e vazou e-mails do Partido Democrata durante a campanha eleitoral como parte dos esforços para inclinar o voto a favor de Trump.
O secretário de imprensa da Casa Branca, Sean Spicer, negou na terça-feira ter havido qualquer contato entre qualquer membro da equipe de campanha de Trump e a Rússia.
Corker disse que o testemunho de Flynn diante do Congresso "seria uma coisa muito apropriada".
O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, e o presidente da Câmara dos Deputados, Paul Ryan, rejeitaram a necessidade de criar um comitê especial para investigar o assunto, mas prometeram que o Congresso liderado pelos republicanos avançaria nos comitês existentes.
Trump ataca agências de inteligência dos EUA em meio a perguntas sobre a Rússia
O presidente dos EUA, Donald Trump, atacou nesta quarta-feira as agências de inteligência norte-americanas pelo que chamou de vazamentos ilegais de informações, e rejeitou relatos de contatos entre membros de sua campanha presidencial e oficiais russos de inteligência.
Trump entrou na contraofensiva à medida que seu governo foi sacudido pela saída abrupta de Michael Flynn como assessor de segurança nacional na segunda-feira.
O jornal New York Times informou na terça-feira que os registros de telefonemas e chamadas interceptadas mostram que membros da campanha presidencial de Trump e outros associados de Trump tiveram contatos repetidos com altos oficiais de inteligência russos nos 12 meses anteriores às eleições de 8 de novembro.
Trump repudiou a reportagem e disparou uma série de tuítes na manhã desta quarta-feira.
"Essa conexão russa sem sentido é meramente uma tentativa de encobrir os muitos erros cometidos na campanha perdedora de Hillary Clinton", tuitou o presidente republicano, citando sua ex-rival democrata na disputa presidencial de 2016.
Em outro tuíte, Trump disse: "A informação está sendo ilegalmente dada aos deficientes @nytimes & @washingtonpost pela comunidade de inteligência (NSA e FBI?). Como a Russia", acrescentando que a situação era "muito grave".
"O verdadeiro escândalo aqui é que a informação confidencial é dada ilegalmente pela 'inteligência' como doces. Muito anti-americano!" Trump escreveu.
Ele não deu provas para apoiar sua acusação de que os serviços de inteligência estavam fornecendo informações aos meios de comunicação. Ele não disse se tinha ordenado qualquer investigação sobre vazamentos.
A Reuters não pôde confirmar imediatamente a reportagem do New York Times, que o Kremlin rejeitou na quarta-feira.
A CNN também noticiou que os conselheiros de Trump estavam em constante contato com funcionários russos durante a campanha.