O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira que, se a comunidade internacional retirar as sanções econômicas ao Irã, pode acabar com a oportunidade de alcançar uma "solução pacífica" à questão sobre o programa nuclear de Teerã.
Em entrevista coletiva após a cúpula ítalo-israelense realizada em Roma, Netanyahu pediu à Itália e a seus parceiros da União Europeia que escutem sua exigência de que se mantenham as sanções ao Irã para evitar que desenvolva a bomba nuclear e dê um fim no progresso no Oriente Médio e à paz, inclusive na Europa.
"Muito trabalho foi feito nesses dez anos para impor sanções ao Irã, que parecia que funcionavam e que tinham alcançado seu objetivo. Mas essas sanções ficaram menos fortes agora", afirmou o primeiro-ministro israelense em um comparecimento transmitido ao vivo pela televisão.
"Parece que há um relaxamento das sanções sobre o Irã para permitir que (o país) se sinta legitimado, como se tivesse mudado sua política. Mas, além de seus sorrisos, (…) não vejo uma mudança real. Se isso continuar assim, se as sanções acabarem morrendo, isso poderia pôr fim à possibilidade de chegar a uma solução pacífica e acabar com o programa nuclear iraniano. Nós queremos uma solução diplomática negociada", acrescentou.
Netanyahu voltou além disso a expressar seus receios sobre o acordo alcançado entre Irã e as potências internacionais há poucos dias em Genebra com um plano, de caráter temporário, que procura limitar o desenvolvimento do programa nuclear iraniano, com maiores inspeções, em troca de suavizar as sanções econômicas.
"O mundo tem que escutar para poder chegar a uma verdadeira mudança, para pôr fim ao programa nuclear iraniano, porque se o Irã quer continuar desenvolvendo a bomba nuclear, isso será um ponto de não retorno na História. O progresso, a revolução informática, tudo será cancelado", incidiu o líder israelense.
"Até que esses regimes não mudem e caiam, haverá grandes tragédias. Um regime tirânico, que rejeita o pluralismo e o progresso, foi uma realidade na Europa no século passado, mas antes de chegar a seu fim, deixou muitas vítimas (…). Não queremos que aconteça novamente. Não só por nosso benefício, mas pelo da sociedade livre", acrescentou.
Netanyahu mencionou as várias zonas de conflito e revoltas sociais que rodeiam seu país, como a Síria ou Egito, para pedir à comunidade internacional que pense que "fontes de estabilidade, de progresso e de crescimento" necessita o mundo árabe, pelo bem, sobretudo, do Oriente Médio.
E quanto às negociações com o povo palestino, o primeiro-ministro de Israel disse que espera poder "dar passos adiante sobre bases sólidas", trabalhando para a paz na esperança de "ter do outro lado um parceiro que queira o mesmo".
Neste sentido, o primeiro-ministro da Itália, Enrico Letta, que compareceu com seu colega israelense em entrevista coletiva, expressou o "compromisso" da Itália para que continuem as negociações com os palestinos e que 2014 seja o ano da mudança e o ponto de inflexão no processo de paz.
"Falamos do Irã. Escutei as palavras de Netanyahu. Expressei nossa posição, que é que olhamos com cautela, mas com confiança, para o recente processo diplomático de Genebra. Apoiamos este processo para que alcance seu objetivo final. Sabemos que Israel tem outra posição, mas para nós a segurança de Israel não é negociável", disse Letta.