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Patriota vê Brasil reconhecido pelos EUA

Gustavo Chacra

NOVA YORK – O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, celebrou o estudo publicado nesta semana pelo Council on Foreign Relations (CFR), um dos mais importantes centros de política externa do mundo, defendendo que os Estados Unidos tratem o Brasil como uma potência global, e não apenas regional.

"Este relatório é um reconhecimento do papel crescente que o Brasil vem desempenhando no cenário internacional e presta uma contribuição construtiva para as relações do País com os Estados Unidos", disse Patriota na quarta-feira, 13, no Conselho de Segurança do ONU, pouco depois de participar de reunião para a incorporação do Sudão do Sul como membro das Nações Unidas.

Com o título EUA Devem Desenvolver uma Parceria Madura e Forte com o Brasil, o estudo, realizado por uma força-tarefa de 30 especialistas de diferentes áreas e correntes políticas, defende que os EUA apoiem a candidatura do Brasil a uma vaga de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, eliminem a obrigatoriedade dos vistos para brasileiros entrarem no território americano e suspendam a tarifa ao etanol, entre outras medidas que tratem o Brasil como um ator global. "A força-tarefa recomenda que a administração Obama apoie o Brasil como membro do Conselho de Segurança. Acreditamos que o Brasil, com esta cadeira, teria uma maior responsabilidade diante dos principais temas internacionais", afirma o documento.

Relação madura.Segundo o chanceler, "os autores (do estudo) defendem o desenvolvimento de uma relação madura entre os dois países, havendo apoio quando houver convergência de opinião e compreensão quando não houver coincidência absoluta de posições".

"Somos um vetor da paz na comunidade internacional e engajados na construção de uma América do Sul pacífica. Não temos inimigos e nos relacionamos com todas as regiões do mundo", disse o chanceler, acrescentando que, no dia anterior, reuniu-se com alguns dos autores do relatório em Washington.

Apesar de independente do governo, o CFR exerce influência tanto nas diretrizes do Departamento de Estado como na Casa Branca.

Parceria.Na avaliação de Patriota, a posição dos autores coincide com a do governo brasileiro. "Queremos desenvolver uma parceria crescente em áreas estratégicas, com uma relação de cooperação, e não de competição", disse o ministro, que foi embaixador do Brasil em Washington no passado.

Durante a sua viagem ao Brasil em março, o presidente dos EUA, Barack Obama, não apoiou a candidatura brasileira ao Conselho de Segurança da ONU, como havia feito com a Índia meses antes. Na diplomacia americana, existe uma certa insatisfação com algumas posições brasileiras recentes no conselho.

No ano passado, por exemplo, o Brasil votou contra uma resolução que propunha uma nova rodada de sanções econômicas ao Irã, tema que era prioridade de Washington. Neste ano, o Brasil absteve-se de apoiar uma resolução que estabelecia uma zona de exclusão aérea na Líbia. Nas últimas semanas, Brasília discordou dos americanos quanto à forma de se lidar com a Síria e se opôs a uma resolução que condenava o regime de Damasco.
Os autores do relatório dizem compreender as posições adotados pelo País. "Os brasileiros usam a abstenção como forma de expressar frustração diante da comunidade internacional censurando o Irã, mas não a Arábia Saudita", diz o texto do estudo do CFR.

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