Em seu primeiro discurso oficial, Martelly prometeu acabar com a violência que assola o país, destruído em janeiro de 2010 pelo maior terremoto da sua história.
O discurso de Martelly, no entanto, começou mal. Foi feito às escuras e em meio a um calor sufocante, devido a um apagão sofrido no edifício provisório do Parlamento, local em que a cerimônia foi celebrada.
O edifício, de madeira, foi especialmente construído para a ocasião no centro da capital haitiana e abrigava no momento do discurso 500 pessoas, incluindo uma centena de militares e membros de delegações estrangeiras.
O Haiti é um país pobre, de pouco menos de 10 milhões de habitantes – metade dos quais vive com menos de dois dólares ao dia. Mais de 225.000 pessoas morreram no terremoto de janeiro ou em decorrência dele, além de deixar milhares de desabrigados, o que agravou a situação do país, que já era o mais pobre da América.
Dezesseis meses depois, o ritmo da reconstrução ainda é dolorosamente lento para centenas de milhares de sobreviventes, que perderam tudo e vivem em acampamentos improvisados ao redor da capital, que segue em ruinas.
Além disso, o retorno-supresa em janeiro do ex-ditador Jean Claude "Baby Doc" Duvalier, após 25 anos de exílio, e do primeiro presidente haitiano eleito democraticamente, Jean Bertrand Aristide, também em janeiro, reabriu velhas feridas históricas.
É nesse conturbado contexto que assumiu Martelly.
"É a primeira vez na história do Haiti que um presidente democraticamente eleito passa a faixa presidencial para um outro presidente também democraticamente eleito e vindo da oposição", analisa Edmond Mulet, chefe da missão de estabilização da ONU no Haiti (Minustah, implantada em 2004.
Uma das grandes tarefas do novo governo será ensinar os haitianos a viverem juntos", analisou o romancista Jean-Claude Fignolé, prefeito de um povoado de pescadores no sudoeste do país, em alusão a violência que continua em algumas regiões.