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Os acontecimentos na Ucrânia precisam sacudir a OTAN


Nota DefesaNet

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O editor

 

Por Richard Norton-Taylor – texto do The Guardian
Tradução e edição: Nicholle Murmel

 
As Nações Unidas se desesperam diante do que acontece em Gaza, a OTAN se desespera diante do que acontece na Ucrânia. Os representantes da ONU já estão habituados a falar e não agir. Os representantes da maior aliança militar do mundo parecem estar cada vez mais se acostumado também.

No momento eles estão sacrificando suas férias de verão e se preparando para o encontro da OTAN em Newport, no País de Gales, nos dias 4 e 5 de setembro. A reunião é tida como a mais importante da Organização desde o fim da Guerra Fria. Há aqueles que agradecem silenciosamente a Vladimir Putin por ter dado à aliança do Atlântico um sopro de vida ao anexar a Crimeia e intervir no leste ucraniano. Mas agora, nem esses têm tanta certeza.

A patente falta de coesão na União Europeia parece se refletir na OTAN. Poucos dos países membros têm alguma intenção de aumentar os orçamentos para a defesa, apesar da pressão dos Estados Unidos. Analistas independentes sugerem que as despesas militares do Reino Unido caírão para menos de 2% da economia do páis em 2017. Esse número é o objetivo da OTAN e no momento só Estados Unidos e Grã-Bretanha têm orçamento correspondente.

A verdadeira questão é em que esse dinheiro é investido. Ministros britânicos gostam de repetir que 160 bilhões de libras serão investidas em equipamentos ao longo dos próximos 10 anos. Mas muito desse dinheiro será gasto em itens enormes, como os dois maiores porta-aviões já construídos para a Marinha Real, e as aeronaves mais caras já produzidas – os F-35 Lightning II, além de algumas unidades do submarino nuclear de mísseis balísticos (SSBN) Trident.

Essa lista de compras pode deixar poucos recursos para pessoal e outros itens relevantes – como aviões de transporte e reconhecimento, drones, e equipamento para inteligência. Com o orçamento britânico comprometido com a Saúde, as verbas para Defesa provavelmente sofrerão mais cortes após a eleição geral no ano que vem.

“Mas quem precisa de tanto hard power nos dias de hoje?”, pode-se perguntar aos que tomam as decisões. Vladimir Putin não é idiota de acionar o Artigo 5 da OTAN – “um ataque armado a um ou mais países membros na Europa ou América do Norte será considerado ataque a todos”, sabendo que a Organização tomará “as ações tidas como necessárias, incluindo o uso de forças armadas…”

No entanto, há preocupação genuína sobre a possibilidade de Putin encorajar comunidades russas na Latvia, Estônia e Lituânia a se agitarem, o que desestabilizaria esses novos países da OTAN nos Balcãs. Analistas do setor de defesa se referem a um novo período de “guerra híbrida” – combinação de ataques cibernéticos, propaganda eletrônica e espionagem, além do uso de milícias locais em vez do envio direto de tropas – o que torna esse novo teatro de operações muito mais difícil para as nações democráticas. Porém, será interessante observar como os líderes da OTAN podem elaborar uma resposta coerente para as possíveis ameaças na Europa.

Enquanto isso, seguem algumas citações da última edição do periódico do Royal United Services Institute, de Londres:
 

A Rússia e o Ocidente no momento existem em uma relação de interdependência econômica que desafia as teorias clássicas de dissuasão e contenção, ou que ao menos amplia seus custos” (James Bergeron, conselheiro político-chfe do comando naval dos aliados. Northwood, Reino Unido)

Quem sabe a lição mais dolorosa a emergir da guerra no Afeganistão seja simples assim – na falta de ameaças existenciais genuínas, os Estados talvez prefiram atravessar bravamente uma crise a vestir a camisa de força de um projeto estratégico grandioso e abrangente” (professor Antulio Echevarria II, da cátedra de estudos militares da Escola de Guerra do Exército americano)

Não pode haver dúvida de que a ideia de uma “Grande Rússia” é central para o Putinismo. Porém, por baixo da turbulência e da manipulação, o medo permeia Moscou. O Kremlin teme que as muitas contradições que afligem a Rússia vão se aglutinar e acelerar o dclínio do páis, com as pressões aumentando nas fronteiras oeste, leste e sul. Uma perda de imagem, poder e prestígio desse porte provavelmente levaria, com o tempo, ao fim do Putinismo” (Julian Lindley-French, membro sênior da Statecraft)

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