Reginaldo Pupo
Após três mortos e mais de 200 feridos nos confrontos no Bahrein, o Irã alertou a Arábia Saudita e os EUA para "perigosas consequências" na região e chamou de "inaceitável" a situação no país, ocupado por tropas sauditas.
Ontem, o Bahrein decretou estado de exceção por três meses, limitando as liberdades civis em meio à repressão a protestos da maioria xiita contra a elite sunita.
Inimigos históricos, a xiita República Islâmica do Irã e o sunita reino da Arábia Saudita representam potências antagônicas na região, de posse da 3ª e 1ª maiores reservas de petróleo do planeta, respectivamente.
Ilhado por regimes sunitas, o Irã viu-se forçado a assumir o papel de potência xiita após a investida saudita como primeiro país da região a atuar como "policial regional" em meio à onda de manifestações.
Avançando na frente diplomática, Teerã convocou os embaixadores da Arábia Saudita e da Suíça (que representa os interesses dos EUA na República Islâmica) e culpou Washington pela violência no pequeno reinado do golfo Pérsico.
"A preocupante e inesperada interferência de tropas estrangeiras em assuntos civis em diferentes países, incluindo o Bahrein (…), pode levar a região rumo a uma crise que seria seguida de consequências perigosas", ameaçou o chanceler iraniano, Ali Akbar Salehi.
O chefe da diplomacia do Irã telefonou ainda para seus colegas da Turquia e do Qatar, além do secretário-geral da Liga Árabe, criticando a presença de tropas sauditas no Bahrein. Salehi evitou comentar a possibilidade de o Irã enviar soldados à região.
No Cairo, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton pediu calma e contenção e disse ter telefonado ao chanceler saudita reiterando a necessidade de promover um diálogo no Bahrein, país que abriga a Quinta Frota dos Estados Unidos.
VIOLÊNCIA
Ao menos dois civis bareinitas e um soldado saudita morreram ontem em meio à escalada de confrontos. Médicos e feridos relataram à Associated Press terem testemunhado tropas da Arábia Saudita abrindo fogo na capital do país, Manama, e em vilarejos vizinhos.
"Não temos armas, mas vamos resistir", disse o manifestante Ali Hassan.