Lisandra Paraguassu
A divisão do território líbio chegou a Brasília. Enquanto rebeldes tomavam Trípoli, na capital brasileira seus simpatizantes ocupavam a embaixada. Desde a sexta-feira, a bandeira da oposição pode ser vista no mastro do prédio. Já o único aliado do ditador Muamar Kadafi na cidade, o embaixador Salem Zubeide, retirou-se para a residência oficial, a poucas quadras de distância, e lá mantém a bandeira verde da ditadura líbia prestes a ser encerrada.
Zubeide esteve pela última vez na embaixada na tarde de segunda-feira, quando outros diplomatas e líbios moradores no Brasil ocuparam de vez o prédio, rasgaram fotos de Kadafi e hastearam a bandeira rebelde. Ao sair, o embaixador insistia que ainda era o representante de seu país – o que é confirmado pelo Itamaraty, que só reconhece outro embaixador quando recebe novas credenciais. Mas, na prática, Zubeide perdeu o controle da embaixada.
O Estado procurou o embaixador em sua residência na noite de terça-feira. A família do diplomata disse que ele não está em Brasília, mas a segurança da casa confirmou que ele ainda estava na cidade. Ontem, a residência parecia deserta, sem carros e ou mesmo seguranças. Todas as janelas estavam fechadas e com as cortinas cerradas. A bandeira de Kadafi continuava hasteada.
Na embaixada não havia movimento. Apenas três funcionários brasileiros – um segurança, uma secretária e um jardineiro – estavam no local. Durante o mês sagrado do Ramadã, os muçulmanos só aparecerem para as tarefas do dia no final da tarde.