Um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) deve expressar a preocupação de que o Irã teria se beneficiado de assessoria estrangeira no desenvolvimento de tecnologias que podem ser usadas na produção de armas nucleares, disseram autoridades ocidentais na segunda-feira. Teerã "está claramente tentando contatar cientistas nucleares mundo afora", disse um diplomata ocidental que trabalha na AIEA, em Viena, sugerindo que Teerã estaria abordando indivíduos, e não governos.
Outras fontes ocidentais fizeram relatos semelhantes, mas não está claro até que ponto houve ajuda estrangeira ao programa nuclear iraniano. O jornal The Washington Post noticiou a assistência de especialistas internacionais ao Irã, incluindo a de um ex-cientista militar soviético, para superar obstáculos técnicos que impediam o país de dominar passos importantes da fabricação de armas atômicas.
O diplomata radicado em Viena disse que a preocupação com o envolvimento de técnicos estrangeiros deve estar refletida num importante relatório a ser divulgado nesta semana pela AIEA. Mas o documento, que deve salientar as suspeitas envolvendo as ambições nucleares iranianas, provavelmente não citará os nomes dos especialistas envolvidos, acrescentou o diplomata.
O Irã nega as acusações de que estaria desenvolvendo secretamente um arsenal nuclear, e insiste que o objetivo do seu programa atômico é apenas gerar eletricidade com fins civis. Mas Teerã no passado já escondeu atividades estratégicas da AIEA, e atualmente continua fazendo restrições às inspeções internacionais e recusando-se a abandonar atividades que possam ter finalidade nuclear. Por iniciativa dos EUA e de seus aliados, a ONU já impôs quatro rodadas de sanções a Teerã.
Analistas e diplomatas dizem que as potências ocidentais podem usar o relatório como argumento por mais sanções. Em um relatório de maio, a AIEA já havia citado várias áreas de possível preocupação envolvendo dimensões nucleares do programa nuclear iraniano, incluindo experiências relevantes para o desenvolvimento de armas.
O texto não apresentou detalhes na época, mas o Post disse que essas experiências envolveram um cientista que havia sido ligado ao regime soviético e que foi abordado em meados da década de 1990 por Teerã para auxiliar no desenvolvimento e nos testes de um pacote de explosivos, que acabou sendo incorporado ao projeto iraniano de ogivas.