O presidente norte-americano Barack Obama declarou nesta sexta-feira em Amã estar "muito preocupado" com a possibilidade da Síria, onde um conflito sangrento entrou em seu terceiro ano, se transformar em um refúgio para o extremismo.
"Estou muito preocupado que a Síria se torne um enclave para o extremismo, porque os extremistas prosperam em uma situação de caos, prosperam em caso de ausência de poder", declarou Obama durante uma coletiva de imprensa na presença do rei Abdallah II da Jordânia em Amã.
Em dezembro, Washington incluiu em sua lista de organizações terroristas um dos principais grupos rebeldes, a Frente jihadista Al-Nosra, suspeita de ligação com Al-Qaeda.
Obama também prometeu pedir ao Congresso uma ajuda à Jordânia de US$ 200 milhões, destinados à assistência aos refugiados sírios acolhidos pelo reino hachemita. Estes fundos devem ajudar a Jordânia a fornecer os serviços humanitários mais urgentes aos refugiados sírios, afirmou o presidente dos Estados Unidos. "É de partir o coração de qualquer pai ver suas crianças passando por estes problemas", considerou.
Segundo as autoridades, o reino hachemita recebe mais de 460 mil sírios, dos quais 120 mil só no campo de Zaatari (norte). Em várias ocasiões, a Jordânia pediu à comunidade internacional ajuda para lidar com o grande número de refugiados sírios, que pode chegar a 700 mil até o final de 2013.
Paris e Londres insistem em armar rebeldes sírios
Os ministros das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, e do Reino Unido, William Hague, defenderam nesta sexta-feira o fim do embargo europeu de armas à Síria, ou pelo menos uma revisão das sanções, apesar da oposição da maioria dos países da União Europeia (UE).
"A questão é impedir (o presidente sírio) Bashar al-Assad de seguir bombardeando e massacrando a população síria" e "permitir a oposição se defender", disse Fabius ao chegar na reunião informal entre os ministros das Relações Exteriores da UE realizada em Dublin, na Irlanda.
Hague, por sua vez, afirmou que em função da "atual situação na Síria, que está em contínua deterioração", o governo do Reino Unido quer "ir mais além" do fornecimento de equipamento "não letal" que já está sendo praticada atualmente. "Para conseguir uma solução diplomática e política na Síria é necessário que continuemos apoiando no terreno a coalizão nacional", advertiu Hague.
Para o chefe da diplomacia britânica existem "sólidos argumentos" a favor da retirada do embargo no final em maio, quando vence o atual regime de sanções europeu.
No entanto, o ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, disse que seu país é "reticente" ao fim do embargo e lembrou que é necessário evitar que armas caiam em maõs erradas e o conflito piore.
Já o ministro austríaco, Michael Spindelegger, opinou que levantar o embargo de armas "não seria uma boa ideia" e não traria a paz, mas sim aumento do conflito. Spindelegger contou que manteve conversas com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que compartilharia de sua opinião.
Fontes europeias indicaram hoje em Dublin que a maioria dos Estados-membros segue contra permitir o envio de armamentos além dos "não letais" (que incluirm veículos blindados e equipamentos de proteção pessoal). As discussões sobre a questão continuarão nas próximas semanas, antes da posição final ser definida em maio.