Após o encontro histórico com o líder cubano Raúl Castro, Barack Obama se encontrou neste sábado (11/04) com a presidente Dilma Rousseff em uma reunião paralela à agenda oficial da 7ª Cúpula das Américas, no Panamá, e marcaram a data da visita de Dilma Rousseff aos EUA.
Obama anunciou que receberá Dilma na Casa Branca no dia 30 de junho, dois anos após ela ter cancelado a viagem oficial que faria aos EUA devido ao escândalo de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA).
Obama afirmou que espera a reunião com Dilma para debater diversos assuntos. A presidente brasileira acrescentou que temas como mudanças climáticas, a seca no Brasil e o crescimento econômico estarão na pauta do encontro.
Dilma cancelou a ida à Casa Branca marcada para 23 de outubro de 2013 após as revelações de que o governo americano espionou suas comunicações, além das de empresas, como a Petrobras, e de cidadãos brasileiros.
A visita irá marcar a reaproximação entre os dois países após dois anos de relações estremecidas. Um dos objetivos da viagem oficial de Dilma será o de intensificar as relações comerciais com os americanos.
Entre as pautas estão a liberação da exportação de carne in natura brasileira para os EUA, que ainda enfrenta alguns obstáculos; e ainda o chamado Global Entry, sistema que facilita a entrada de turistas brasileiros cadastrados.
Manifestantes em São Paulo reclamam de dificuldades econômicas
Além da corrupção, uma das reclamações mais recorrentes entre os manifestantes que participaram do protesto contra o governo de Dilma Rousseff (PT) neste domingo (12/04), na Avenida Paulista, foi o fraco desempenho da economia. Para eles, problemas como a inflação e a recessão têm origem unicamente nas más decisões do governo.
Antonio Carlos Pereira, de 51 anos, é dono de uma loja no Jaguaré, zona oeste da cidade. Ele disse que esta é a primeira vez que vai a uma manifestação na vida. "As vendas caíram muito. É culpa do governo, sim", afirma ele. "Acho que não vamos conseguir o impeachment, mas é importante mostrar que estamos descontentes."
O comerciante Fábio Castro, de 38 anos, engrossa o coro da queda nas vendas. Dono de uma loja de materiais de construção em Jaçanã, na zona norte, ele diz que as pessoas reduziram os gastos ao "mínimo necessário".
"As pessoas agora só compram quando um cano estoura, por exemplo. Não fazem mais reforma, só manutenção. Estão com medo de se endividar, pagar parcelado no cartão, e depois perder o emprego", conta.
Castro reclama que o governo desqualifica os manifestantes como "elite". "Sou trabalhador e morador da periferia. O governo tinha que me ouvir", diz.
Para Tainá Melo, de 24 anos, dona de uma loja de roupas na mesma região, a situação é ainda pior. "Roupa é considerada supérfluo, é a primeira coisa que cortam. Tenho visto muitos fornecedores fecharem as portas na cidade."
Segundo os manifestantes, a alta dos preços é um dos grandes vilões. "A gente vê aumento de tudo, luz, combustível, o que afeta os negócios", diz a administradora de empresas Eliane Comunale, de 49 anos.
Valquíria Dias, de 26 anos, também reclama da inflação. "Está tudo muito caro! A passagem do metrô e ônibus aumentou muito, isso para você andar em pé!", diz ela, que foi ao protesto para vender assessórios e bandeiras.
"A faixa com 'Fora Dilma' está vendendo bem mais do que a 'Brasil'", conta ela, logo após declarar apoio irrestrito à manifestação. Valquíria trabalha em um restaurante e espera ganhar um dinheiro extra nesse domingo de protesto.
Decepção com o PT
Entre uma venda e outra, Valquíria confessa que votou em Dilma nas últimas eleições. "Eu vou ser honesta… Essa foi a primeira vez que eu votei e foi nela. Mas me arrependi demais. A Dilma veio só para atrasar o lado dos brasileiros."
O grande motivo da decepção de Valquíria é o Bolsa Família. Ela garante que a mãe perdeu o direito ao benefício três meses depois das eleições. "A Dilma prometeu e eu acreditei, mas ela está fazendo tudo ao contrário, está cortando tudo. Não está investindo em nada! Enquanto isso, as ruas estão cheias de mendigos."
Já para Maria Brígido, de 67 anos e ex-eleitora do PT, a decepção com o partido é principalmente com a corrupção. "Desde o mensalão que as coisas começaram a degringolar. E a inflação, agora, vai afetar aos mais pobres, como sempre", reclama ela, que votou em Lula e se diz arrependida.
"Também acho um absurdo a conivência do PT com o que está acontecendo na Venezuela. Lá estão prendendo pessoas inocentes… O partido aqui está usando o dinheiro público para apoiar uma esquerda mais radical", diz.
Apesar de haver ex-eleitores do PT, os protestos são frequentados, em sua maioria, por pessoas que votaram em Aécio Neves (PSDB) nas últimas eleições presidenciais.
Protesto mais vazio
O protesto deste domingo teve bem menos participantes do que a última manifestação, em 15 de março. Segundo o Datafolha, foram cerca de cem mil, contra 210 mil na anterior. A Polícia Militar, que estimou em um milhão o número de manifestantes do primeiro protesto, falou em 275 mil nesse domingo.
"Hoje está mais vazio. Acho que teve essa coisa do momento… De repente, boom!, todo mundo veio! Depois as pessoas pensam que já fizeram a sua parte e não continuam o movimento", diz Fábio, que participou do protesto pela segunda vez.
Tainá, que também havia estado na manifestação de março, concorda. "As pessoas vieram com tudo, mas depois não conseguem manter a mesma força. Não entendem que a democracia é um exercício constante", se queixa.
Além do número menor de participantes, foi possível notar também um clima menos efusivo. Nas estações de metrô próximas à Paulista, a maioria dos manifestantes se dirigiram silenciosamente ao local do protesto. Em março, ao contrário, as pessoas já cantavam, gritavam e faziam fotos nas estações lotadas.
Entretanto, os trajes em verde e amarelo, os rostos pintados e os acessórios como cornetas, apitos e perucas, voltaram a marcar presença na manifestação, assim como os vendedores ambulantes. Dessa vez, já preparados para o clima festivo, houve tempo até para montar tendas, que vendiam desde acarajé e tapioca ao tradicional churrasquinho e cachorro-quente. Tudo para fugir da recessão.