O presidente americano, Barack Obama, disse ao presidente palestino, Mahmoud Abbas, nesta quarta-feira, que vai vetar seu pedido de reconhecimento do Estado palestino como membro pleno das Nações Unidas.
Apesar disso, na conversa de 45 minutos entre os dois líderes, Abbas afirmou que vai seguir adiante com o pedido, segundo informações divulgadas pela Casa Branca.
Mais cedo, em discurso na Assembleia Geral da ONU, Obama havia afirmado que os palestinos merecem um Estado próprio, mas que "não há atalhos para a paz" no Oriente Médio e que esse Estado só poderá ser obtido por negociações com Israel.
Para o líder americano, "a paz não virá por meio de comunicados e resoluções da ONU", e sim por meio de diálogos – atualmente emperrados – sobre os temas que dividem palestinos e israelenses.
Alternativa
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, alertou que um veto do pedido palestino pelos Estados Unidos pode gerar um novo ciclo de violência no Oriente Médio e propôs uma solução alternativa: dar à Autoridade Palestina o status de Estado observador, em vez de membro pleno.
Sarkozy também defendeu a criação de um cronograma claro para as negociações: um mês para o início do diálogo, seis meses para discutir fronteiras e segurança e um ano para finalizar um "acordo definitivo".
O presidente Obama também teve um encontro com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu.
Após a reunião, o premiê disse que Obama merecia uma "condecoração" por sua defesa de Israel.
Manifestações
Os palestinos vêm intensificando os esforços diplomáticos para serem reconhecidos internacionalmente, diante dos impasses que marcam as negociações de paz.
Na Cisjordânia, escolas e repartições públicas ficaram fechadas na quarta-feira e milhares de pessoas participaram de manifestações em defesa do Estado palestino.
A previsão é de que Abbas formalize o pedido de reconhecimento da ONU na sexta-feira, após seu discurso na Assembleia Geral, em uma carta ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
Se o pedido for aprovado por Ban, o Conselho de Segurança examinará e votará a proposta. É nesse Conselho que os EUA têm poder de veto.
"Estou convencido de que não há atalhos para o fim de um conflito que perdura por décadas", disse Obama perante a Assembleia Geral, em Nova York. "No fim das contas, israelenses e palestinos – e não nós – devem chegar a um acordo nos temas que os dividem: fronteiras e segurança, refugiados e Jerusalém."
Impasse
A embaixadora americana na ONU, Susan Rice, qualificou o pedido palestino de "um estratagema pouco sábio".
Já Ban Ki-moon, em seu discurso, pediu novos esforços internacionais para quebrar o "impasse" no Oriente Médio.
Ainda que o eventual reconhecimento da ONU tenha peso mais simbólico do que prático, os palestinos argumentam que a medida daria força aos diálogos de paz.
Já Israel diz que o reconhecimento aumentaria as tensões regionais e não resolveria as questões bilaterais pendentes.
Pouco antes da fala de Obama, a presidente Dilma Rousseff – primeira mulher a fazer o discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU – "lamentou" que ainda não exista um Estado palestino integrando as Nações Unidas.