O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu, nesta quinta-feira, o uso de drones na guerra contra o terrorismo. Em seu discurso anual sobre segurança nacional, em Washington, o líder americano disse que a tecnologia dos aviões não tripulados, apesar de levantar questões, é efetiva. "Esses ataques têm salvado vidas", disse o presidente. Em sua fala, pronunciada na National Defence University, ele também renovou a iniciativa de fechar a prisão de Guantánamo, em Cuba, onde mais de 100 prisioneiros estão em greve de fome, em momento marcado por uma interrupção no seu discurso.
Um pouco antes de Obama fazer o anúncio sobre a prisão na ilha de Cuba, uma mulher presente no local começou a gritar, pedindo que ele fizesse alguma coisa a respeito. "Você é o comandante-em-chefe, você pode fechar Guantánamo", gritou. Obama pediu que ela o deixasse terminar o discurso. "Deixe-me discursar", disse o presidente depetidas vezes diante das constantes reclamações. "Parte da liberdade de expressão é deixar eu falar e você ouvir".
Quando conseguiu seguir com seu discurso, Obama disse que nada justifica "impedir o fechamento de uma prisão que nunca deveria ter sido aberta". "Hoje, eu mais uma vez peço ao Congresso que retire as restrições para transferir os detentos de Guantánamo", disse, acrescentando que vai nomear um novo enviado especial para o fechamento do centro de detenção e que são gastos US$ 150 milhões por ano para mantê-la.
A prisão de Guantánamo foi aberta em janeiro de 2002 por decisão do então presidente George W. Bush e no auge da guerra contra o terrorismo, após os atentados de 11 de setembro de 2001, chegou a ter quase 800 reclusos. Um total de 86 de seus 166 reclusos recebeu o sinal verde para serem libertados, mas a oposição do Congresso, a falta de acordos bilaterais para transferi-los e a moratória suspensa hoje para a repatriação de presos iemenitas bloquearam o processo.
Defesa dos drones
Obama iniciou sua fala na National Defence University dizendo que o terrorismo ainda ameaça os Estados Unidos, mas afirmou a guerra está mudando ao envolver o uso de novas tecnologias. "Da Guerra Civil, passando pelo nosso esforço contra o fascismo e chegando à Guerra Fria, os campos de batalha mudaram, e as tecnologias evoluíram", disse, fazendo questão de enfatizar que, hoje, Osama bin Laden está morto e os Estados Unidos estão mais seguros desde o 11/9.
Mas disse que a operação que matou Bin Laden não pode ser a norma. "Os riscos neste caso foram imensos", disse, acrescentando que as relações com o Paquistão ficaram abaladas depois da ação em Abbottabad. Neste contexto de ações letais contra Al-Qaeda, disse Obama, estão também os ataques utilizando aviões não-tripulados.
"Esses ataques salvaram vidas. Eles são legais. Os EUA estão em guerra contra a Al-Qaeda", disse o líder, ponderando que essa nova tecnologia "levanta profundas questões". "Sempre preferimos deter, interrogar e processar", continuou, para em seguida acrescentar que operações militares convencionais têm um preço muito mais alto. "Se nós invadirmos, ocuparmos os países onde estamos usando drones, muito mais pessoas irão morrer. Esta é a escolha? Nós estamos escolhendo agir de maneira a resultar em menos perdas de vidas inocentes", disse. "Não fazer nada não é uma opção".
Ontem, os Estados Unidos reconheceram pela primeira vez terem matado cidadãos americanos em ataques usando drones. Em carta enviada ao Congresso pelo procurador-geral Eric Holder, disse que três das quatro mortes ocorreram em ataque de drones da CIA no Iêmen, em 2011: Samir Khan, Anwar al-Awlaki e um jovem de 16 anos. O quatro – Jude Kennan Mohammad, natural da Flórida – foi assassinado no Paquistão, em uma operação até então desconhecida. Hoje, Obama justificou a morte de Anwar al-Awlaki. "Ele estava continuamente tentando matar pessoas".