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Obama acelera a retirada do Afeganistão

ALVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou ontem a retirada de 10 mil militares americanos do Afeganistão já neste ano e de mais 23 mil até setembro do ano que vem.

A decisão representa a saída dos 33 mil oficiais que foram enviados no fim de 2009, quando a administração decidiu mudar o foco do Iraque para o Afeganistão, e vai ocorrer em um ritmo mais rápido que o desejado pelo comando militar dos EUA.

Segundo Obama, a maior parte das tropas americanas (hoje em cerca de 100 mil) deve deixar o país até 2014, entregando o comando das forças de segurança para o governo afegão.

"Os desafios persistem. Este é o começo, mas não o fim, dos nossos esforços para encerrar essa guerra", disse Obama ao anunciar o plano, ressaltando que a Al Qaeda nunca enfrentou tanta pressão como agora.

Os militares, entre eles, o general David Petraeus (comandante das forças dos EUA e da Otan no Afeganistão e que vai assumir a CIA), queriam que a maioria desse pessoal que vai voltar continuasse até o fim de 2012.

Obama, no entanto, sofre a pressão do seu partido, que cobra a retirada de uma guerra impopular (em que mais de 1.600 americanos morreram) e que consome bilhões de dólares quando os EUA vivem uma crise fiscal.

Segundo pesquisa divulgada nesta semana, 56% dos americanos querem a retirada das tropas do Afeganistão o mais "rápido possível" -patamar recorde desde que o levantamento teve início e que cresceu após a morte de Osama bin Laden, em 1º de maio.
Obama entrará em campanha pela reeleição no ano que vem, quando também será pressionado pelo mau momento da economia.

GASTOS
Os EUA devem gastar US$ 118 bilhões com a guerra do Afeganistão neste ano e mais US$ 113 bilhões em 2012. Segundo dados de março do Serviço de Pesquisa do Congresso, os EUA já gastaram US$ 444 bilhões com as operações desde 2001.

"Agora temos que investir no principal recurso dos EUA: o seu povo", disse Obama. "É a hora de priorizar a construção da nação aqui em casa."

A retirada de pelo menos 30 mil militares pode significar que o governo americano está recuando das suas ambições na região.

Em 2009, Obama disse que as prioridades dos EUA eram não só o combate à Al Qaeda e ao Taleban, mas também permitir que o Afeganistão pudesse organizar seu governo e sua segurança.

Ao chegar ao poder, há dois anos, Obama priorizou a guerra no país em relação à do Iraque. Mesmo com a retirada, os EUA terão 68 mil soldados no Afeganistão em 2012, quase o dobro do que havia no fim da gestão George W. Bush (2001-2009).

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