Andre Luís Woloszyn
Analista de Assuntos Estratégicos.
Pentágono planeja sua rede de espionagem militar
Embora as novas tecnologias surgidas nas últimas décadas tenham oportunizado a criação de diversas ferramentas para incrementar e modernizar os métodos de espionagem tanto de caráter governamental como privada, ainda é consenso entre as agências e órgãos de inteligência mundiais que nenhuma destas tecnologias podem substituir com maior efetividade as operações realizadas por fontes humanas, mesmo que apresentem custos e grau de vulnerabilidade maior.
Baseados neste fundamento, o Pentágono divulgou recentemente no The Washigton Post que planeja criar uma agência de espionagem própria que deverá se constituir na maior rede de espionagem mundial de fontes humanas, desde o término da guerra fria. O projeto, prevê a ampliação das missões da Defense Intelligence Agency, (DIA) atualmente destinada a dar apoio em informações, avaliações e identificação de alvos às operações militares, dotando-a de mais um departamento, chamado de Defense Clandestine Service, (DCS). Estima-se que o novo serviço de espionagem militar deverá contar com cerca de 1600 agentes espalhados pelo mundo e esteja em funcionamento em um período de cinco anos, quando do término do período de preparação e treinamento feitos pela CIA e das reestruturações administrativas necessárias.
A missão, ainda não bem delineada, deverá recair basicamente na busca e na coleta de dados para a montagem de cenários com diferentes ameaças emergentes e avaliação do potencial e intensidade destas para atingir ou prejudicar os interesses dos EUA. Entre os assuntos considerados prioritários estão o de grupos extremistas islâmicos na África, as transferências de armas da Coréia do Norte e Irã e o crescimento e modernização do arsenal militar chinês.
Existem algumas diferenças sutis entre a nova agência a ser criada e a CIA, o que garantirá o bom relacionamento e a interação entre ambas, embora atuem predominantemente no campo externo. Os agentes do DCS serão exclusivamente militares e as missões, direcionadas apenas para a coleta e busca de dados não podendo executar outras missões secretas como sabotagens e ataques a alvos, a exemplo da CIA. E, talvez a principal diferença e fator que motivou a criação do DCS é o fato de que, como agência militar, não está sujeita as mesmas regras e requisitos para notificação pelo Congresso Norte Americano, como ocorre com a CIA, garantindo assim, maior grau de sigilo à suas atividades e reduzindo possíveis falhas em operações por interferências externas, como ocorreu no 11-S.
Contrariamente ao discurso do Pentágono, analistas afirmam que a iniciativa tem por real objetivo a exclusividade no trato com informações sigilosas e o estabelecimento de um poder paralelo ao da CIA, tradicionalmente uma organização civil. E acreditam que, apenas a coleta e a busca de dados, não são motivos suficientes para determinar a criação de um novo serviço de espionagem da amplitude que se deseja dar ao DCS, sem que haja outras finalidades de maior complexidade.
Vaticano adota medidas de contrainteligência
Após os escândalos de comprometimento de informações confidenciais do Vaticano incluindo cartas pessoais do Papa Bento XVI, entregues a setores da imprensa italiana por seu mordomo Paolo Gabriele, foram adotadas uma série de medidas de contrainteligência destinadas a proteção física das instalações, comunicações e documentação.
Entre as medidas, que serão implementadas a partir de 2013, está a distribuição com uso obrigatório de um cartão de identidade com microchip, que controlará a movimentação de milhares de funcionários, locais por onde circulam e horários destes deslocamentos. Em relação a documentação, especialmente as de natureza sigilosa, seu acesso será monitorado por especialistas em contraespionagem. Quanto as comunicações, serão introduzidos novos e avançados sistemas de proteção digital contra os constantes ataques de grupos que praticam a pirataria digital.
Esta reestruturação já estava sendo planejada desde o ano de 2010 mas foi antecipada por conta dos últimos escândalos que suscitaram inúmeras especulações sobre a política interna do Vaticano e suas relações na política internacional. Além deste particular, o Vaticano possui um arquivo secreto contendo cerca de 35 mil volumes distribuídos em 84 Km de prateleiras contendo toda a história da Igreja Católica desde o ano 1610, descrita em decretos, cartas, processos da Inquisição e outros documentos de grande valor histórico. Dependendo do tipo de informação que contém, torna-se acessível ao público após 75 anos, enquanto outros, estão vetados permanentemente.
O conteúdo de alguns destes documentos sempre despertaram em diferentes épocas as mais diversas teorias, especialmente as conspiratórias, como o assassinato de Papas, a revelação do terceiro segredo de Fátima e até informações sobre o fim do mundo.