Ricardo Zedano
Ainda que muita gente não acredite, a Rússia enfrenta uma intervenção encoberta que já está em movimento, semelhante à que foi levada a cabo em muitos outros países e cujas sociedades não conseguiram vê-la a tempo. Estas sociedades sofreram graves consequências, situação esperada e aproveitada pelas potências para se apoderarem de um país sem disparar um único tiro.
Sem ir muito longe podemos referir o recente espetáculo de Madonna em São Petersburgo, durante o qual a cantora norte-americana violou uma lei recentemente aprovada na cidade dos czares que proíbe a propaganda da homossexualidade e da pedofilia em um país que já tem suficientes problemas de crimes sexuais.
A exploração sexual de crianças é um tema difícil de resolver em todos os países. A Rússia, cuja população não estava preparada para viver no capitalismo “imposto” como única alternativa de vida após a desintegração da União Soviética, não é uma exceção.
Na nova “escala de valores” surgida com o capitalismo russo, a ideia de que o lucro é mais importante que o seu humano, predominante nas grandes cidades deste país, contribuiu para que pessoas com poucos escrúpulos obtivessem lucros com aquilo que é mais precioso e vulnerável na sociedade: as crianças.
Em Moscou há locais onde, à noite, proxenetas oferecem menores de idade a homossexuais e pedófilos e isso acontece aos olhos dos transeuntes, da Polícia, mas ninguém se apercebe nem ninguém se importa.
O mais triste é que a prostituição infantil é um dos mais sérios problemas que afeta na atualidade as crianças na Rússia, segundo relatórios da ONU. Este flagelo deve ser solucionado antes de incentivar a natalidade para resolver os problemas de carácter demográfico.
Enquanto houver tráfico de crianças, a utilização de menores na pornografia, entre outras ameaças, não faz sentido incentivar a natalidade com aproximadamente 11.500 dólares (valor pago às famílias pelo nascimento do segundo filho).
Segundo estimativas do Ministério do Interior da Federação Russa, no país há aproximadamente dois milhões e meio de crianças abandonadas que se encontram à mercê dessas ameaças. Os recursos destinados ao aumento da natalidade deveriam ser melhor aplicados em garantir a segurança dos que já nasceram, em um país onde o montante mínimo para manter uma família não se compara com o baixo nível de vida.
No ano passado, o então presidente russo Dmitri Medvedev presidiu a uma cerimônia de condecoração de famílias numerosas, em que disse: “O apoio à infância e à maternidade é uma das primeiras prioridades. Sem crianças não há futuro”.
É verdade, as crianças são o futuro de um país mas isso só será possível quando cresçam saudáveis física e psicologicamente, sejam bem alimentados e tenham educação, quando as orientações do Governo voltadas para solucionar o problema infantil sejam cumpridas e não apareçam anualmente nas ruas cerca de 130.000 crianças abandonadas.
As crianças poderão ter um futuro seguro quando a lei que permite a castração química dos pedófilos for realmente aplicada. A lei foi aprovada pela câmara baixa do Parlamento a 7 de fevereiro passado, ratificada pela câmara alta quinze dias depois e promulgada pelo anterior presidente, Dmitri Medvédev, a 29 do mesmo mês.
Todos esperamos que a lei não fique no papel.
Se renunciarmos à adoção de leis que proíbam as crianças de ter relações sexuais antes dos 14 anos, a sociedade correrá grave perigo porque são precisamente estas leis que impedem os pedófilos de cometer os seus crimes.
É extremamente importante que sejam elaborados mecanismos que permitam à Polícia lutar com eficácia contra esses monstros, para que os cidadãos possam denunciar sem medo todos os que encobrem ou contribuem para a homossexualidade, pedofilia e outros males que persistem neste país.
As autoridades devem defender sem tréguas os direitos e a integridade moral das crianças e adolescentes. Só assim o país terá uma sociedade mais saudável e mais próspera.
Dmitri Medvedev disse com razão: “Uma sociedade que defende os direitos das crianças e respeita a sua integridade moral não é só mais humana e bondosa mas também mais dinâmica”.
O cantor argentino Facundo Cabral, assassinado no ano passado na Guatemala, afirmou em dada ocasião: “A sociedade humana não está tão mal devido aos crimes dos maus como ao silêncio dos bons”.
Na Rússia, os bons, homens e mulheres, não devem conformar-se com o silêncio, devem agir.
Fonte: Voz da Rússia