A Força Aérea israelense oniciou treinamentos na Alemanha, um fato que coincide nesta terça-feira com atos de recordação na área em que existiu o campo nazista Dachau e sobre a violenta tomada de reféns nos Jogos Olímpicos de Munique-1972.
Uma esquadrilha germano-israelense formada por caças F-16 e Eurofighter sobrevoou esta manhã a base aérea de Fürstenfeldbruck, perto de Munique (sul da Alemanha).
Foi neste local que ocorreu, em 1972, a tomada de reféns de atletas israelenses pelo grupo palestino Setembro Negro. A maioria dos 11 israelenses mortos no ataque faleceu na base.
As unidades militares alemã e israelense, que participam desde segunda-feira de exercícios conjuntos sem precedentes em território federal, pretendiam, assim, recordar este evento que marcou profundamente Israel e a história olímpica.
As delegações alemã e israelense participarão ainda nesta terça-feira em uma cerimônia de recordação ao lado da ministra alemã da Defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer, no memorial do campo nazista de Dachau.
As duas delegações devem depositar flores no memorial do campo, um dos símbolos da barbárie nazista. O neto de um sobrevivente do Holocausto pronunciará um discurso e o rabino Mendel Moraity fará uma oração.
"O sinal comovente de nossa amizade hoje é que, pela primeira vez em nossa história, voamos juntos com a Força Aérea israelense", resumiu o general alemão Ingo Gerharz.
"Nossa missão hoje é combater o antissemitismo com a maior firmeza", completou o militar alemão.
Os soldados alemães e israelenses participam até 28 de agosto em exercícios conjuntos, batizados como "Blue wings 2020", os únicos organizados este ano por Israel devido à pandemia de coronavírus.
Os treinamentos representam uma novidade entre os dois países em território federal, destacou a Força Aérea alemã, a Luftwaffe.
Para muitos soldados israelenses, os exercícios militares, que acontecem 75 anos após o fim da II Guerra Mundial, têm uma importância simbólica.
"É um acontecimento muito emotivo para todos os participantes", declarou à AFP um oficial israelense, que pediu anonimato, neto de um sobrevivente do Holocausto.
Durante os últimos anos, as Forças Armadas dos dois países se aproximaram muito, revelou, citando em particular a área de inteligência e os exercícios conjuntos em Israel.
A Força Aérea da Alemanha participou em exercícios conjuntos em 2019 no deserto israelense de Neguev.
Entre os pilotos israelenses estão vários descendentes de vítimas do genocídio cometido pelos nazistas, incluindo algumas que passaram pelo campo de Dachau, criado em 1933 e que serviu de modelo para vários campos de extermínio posteriores.
Avanço do antissemitismo
A Alemanha registra há alguns anos o ressurgimento do antissemitismo.
As Forças Armadas estão no olho do furacão porque alguns de seus membros, incluindo militares de uma unidade de elite, pertencem ao movimento neonazista.
O exército alemão anunciou no fim de junho a dissolução parcial de suas forças especiais, após uma série de escândalos sobre sua proximidade com a extrema direita.
Além das comemorações, em nível estritamente militar, Israel implantará para esses exercícios conjuntos na base aérea de Nörvenich seis caças F-16 "Barak", dois Boeing 707 e dois Gulfstream G-550.
As duas Forças Aéreas participarão em particular, juntamente com outros países membros da OTAN, em manobras no âmbito do exercício internacional "MAG Days", organizado quatro vezes por ano.
Também realizarão dezenas de voos simulando combates entre aviões, operações ar-solo e ameaças solo-ar.