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Mulheres sírias formam força voluntária para lutar por Assad

Aos quarenta anos de idade, Abir Ramadan alistou-se à unidade feminina da nova força paramilitar da Síria jurando lealdade a Bashar al-Assad na luta armada contra os rebeldes que tentam derrubar o presidente.

Vestida em trajes camuflados, ela marcha em um estádio na cidade central de Homs erguendo seu punho e entoando “Allah, Suriya, Bashar wa bas” (“Deus, Síria, Bashar – só isso”), o grito de guerra dos apoiadores do líder desafiado.

As entradas do estádio são guardadas por mulheres armadas com kalashnikovs, enquanto outras vasculham carros nos pontos de controle. Elas se apresentam como fedayat, árabe para “aqueles que se sacrificam por uma causa”.

“Meu marido me encorajou para que eu me envolvesse, e eu gostei da ideia. Eu me apresentei ao centro de recrutamento e fui facilmente aceita”, explica a fedaya Abir, que ainda manteve seu trabalho diário como técnica em um laboratório de radiologia.

“Antes, eu não sabia como manejar uma arma e não ousava ficar em casa sozinha por medo de ser atacada. Eu queria aprender e ajudar. Tornei-me voluntária porque meu país está sofrendo”, ela conta.

A primeira unidade feminina das Forças de Defesa Nacional na Síria, fundada na cidade central de Homs, tem 450 soldados entre 18 e 50 anos.

Nada Jahjah, uma comandante aposentada que supervisiona o treinamento das recrutas, diz que a cidade de Homs foi escolhida “devido às trágicas circunstâncias vividas pela cidade”.

“Esta não é uma guerra normal, não se parece nada com (a guerra de) Outubro (contra Israel). Não é o inimigo que conhecíamos. Desta vez, o inimigo provém da nossa família, dos nossos vizinhos e dos nossos países vizinhos que estão suprindo-os com armas e difundindo um pensamento fundamentalista. Eles matam e chacinam sírios. Essa é uma guerra selvagem”, conta.

Desde a eclosão dos protestos pacíficos contra o regime de Assad em março de 2011, as autoridades sírias têm considerado a revolta como uma conspiração internacional e se referido aos ativistas opositores como terroristas filiados à Al-Qaeda.

O diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos, Rami Abdel Rahman, disse à AFP que o regime criou uma força paramilitar para complementar o exército em sua luta contra os rebeldes.

Chamada de “a capital da revolução” pela oposição, Homs tem ocupado papel protagonista na revolta. Ela foi a primeira a pagar cara quando a máquina de guerra de Assad demonstrou seu poder de fogo contra áreas rebeldes, retomando grande parte da cidade.

Esse verdadeiro coração industrial síria também é um diversificado centro de 1,5 milhões de pessoas – entre as quais sunitas, alauítas e cristãos, que, com o andar do conflito, passaram a superar suas próprias diferenças.

Neste ambiente carregado, nenhuma das combatentes revelou onde mora, uma vez que tanto os soldados pró- como anti-Assad usam documentos de reféns para descobrir suas identidades sectárias.

Os sunitas, que representam 80% da população, amplamente apoiam a revolta, enquanto os alauítas, entre os quais o próprio Assad, constituem 10% do país. Os cristãos somam 5% e também apoiam o regime.

“O treinamento inclui sessões de tiro com kalashnikov, metralhadoras, granadas de mão, ataques a postos de controle da oposição, controle dos nossos postos, condução de ataques-surpresa e cursos de táticas militares”, diz a comandante Jahjah.

A força feminina é voluntária, e as fedayat trabalham em cursos de quatro horas, às manhãs ou às tardes, para permitir que as mulheres prossigam com suas profissões.

Etidal Hamad, funcionária pública de 34 anos e mãe de três meninas, diz que, quando seu marido a motivou a se alistar, sua primeira motivação era “o desejo de apoiar o exército e defender a pátria-mãe”.

No desfile realizado em um estádio para marcar o fim do treinamento, as mulheres gritam com toda a força de seus pulmões: “Com nosso sangue e nossas almas, nós nos sacrificamos por você, ó Bashar!”.

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