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Moscou pode proibir companhias aéreas europeias de sobrevoar Rússia

Maria Kiselyova e Gleb Stolyarov

O primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, ameaçou retaliar na terça-feira devido à proibição de voo à subsidiária da companhia aérea nacional Aeroflot com as sanções da União Europeia. Segundo um jornal, os voos europeus para a Ásia poderiam ser impedidos de sobrevoar a Sibéria. 

A companhia de baixo custo Dobrolyot, operada pela Aeroflot, suspendeu todos os voos na semana passada após o contrato de arrendamento da companhia aérea ter sido cancelado sob sanções da União Europeia, por voar para a Crimeia, uma região ucraniana anexada pela Rússia em março. 

"Devemos discutir uma possível retaliação", disse Medvedev em uma reunião com o ministro dos Transportes da Rússia e um vice-diretor executivo da Aeroflot. 

O jornal de negócios Vedomosti informou que a Rússia pode restringir ou proibir as companhias europeias de voar sobre a Sibéria em rotas asiáticas, uma medida que imporia custos a companhias aéreas europeias, tornando os voos mais demorados e exigindo mais combustível. 

O Vedomosti citou fontes anônimas dizendo que ministros das Relações Exteriores e do Transporte estavam discutindo a ação, o que colocaria as companhias aéreas europeias em desvantagem em relação às rivais asiáticas, mas também custaria dinheiro à Rússia que arrecada com taxas de sobrevoo. 

As ações da Aeroflot – que, de acordo com i Vedomosti, recebe 300 milhões de dólares por ano em taxas pagas pelas companhias aéreas estrangeiras que sobrevoam a Sibéria – caíram após a reportagem. 

No auge da Guerra Fria, a maioria das companhias aéreas ocidentais foram impedidas de voar no espaço aéreo russo para cidades asiáticas. Elas tiveram de  operar através do Golfo ou do aeroporto de Anchorage, na rota polar do Alaska.

No entanto, as companhias europeias agora sobrevoam a Sibéria em suas rotas de rápido crescimento para países como China, Japão e Coreia do Sul, com o pagamento de taxas que foram motivo de uma longa disputa entre Bruxelas e Moscou. 

O jornal citou uma fonte dizendo que a proibição poderia custar às companhias aéreas Lufthansa, British Airways e Air France 1,3 bilhão de dólares ao longo de três meses. 

No entanto, a estatal Aeroflot também será prejudicada com a perda as taxas. As ações da Aeroflot tiveram o seu pior desempenho em Moscou na terça-feira.

A Lufthansa disse que opera cerca de 180 voos por semana, através do espaço aéreo siberiano, mas não quis fazer comentários, assim como a British Airways. 

A União Europeia ampliou suas sanções após derrubada de um avião de passageiros da Malaysian Airlines no leste da Ucrânia controlado por rebeldes pró-Moscou, no mês passado, matando 298 pessoas. 

A suspensão de voos para a Crimeia à companhia aérea russa impede os cidadãos russos de aproveitarem feriados baratos na península do Mar Negro, em resorts como Yalta. Isto contribui para um verão catastrófico em que uma série de empresas de viagens russas quebraram enquanto a economia flerta com a recessão e o rublo cai.

Cerca de 15 mil turistas estão presos no exterior, após o colapso da maior empresa de viagens, a Labirint, embora autoridades do setor tenham prometido compensação aos clientes, por meio das seguradoras dessas companhias. 

(Reportagem adicional de Katya Golubkova, Victoria Bryan, Sarah Young e Renee Maltezou)

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