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Morre o líder israelense Shimon Peres, 93 anos

Nome crucial da história de Israel, Shimon Peres, ex-primeiro-ministro e ex-presidente do país, morreu ontem à noite (madrugada de hoje pelo horário israelense), duas semanas depois de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). Desde então, estava internado em um hospital perto de Tel Aviv. Aos 93 anos, era o último sobrevivente da geração dos fundadores do Estado judaico.

Por ter sido um dos principais arquitetos dos Acordos de Oslo, primeiro tratado de paz assinado entre israelenses e palestinos, em 1993, Peres foi ganhador do prêmio Nobel da Paz no ano seguinte. A honraria foi dividida com Yasser Arafat, líder da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), e Yitzhak Rabin, então primeiro-ministro de Israel, que acabaria assassinado em 1995 por judeus descontentes com seus esforços.

Peres sofreu o AVC no último dia 13 e foi internado no centro Tel Hashomer de Ramat Gan, o maior hospital israelense. Os médicos logo o sedaram e o conectaram a um respirador no setor de cuidados intensivos. Os primeiros relatórios sobre sua saúde apontavam estado crítico, mas depois estável, com uma leve melhora nos dias seguintes.

Após a equipe responsável por ele considerar reduzir a ajuda respiratória e os sedativos para avaliar se o líder político reagiria, sua condição se deteriorou. Ontem, filhos e netos foram chamados ao hospital para se despedir e, depois de um dia “entre a vida e a morte”, como descreveu um amigo da família, Peres acabou não resistindo. Sua morte foi confirmada pela agência de notícias oficial israelense por volta das 23h.

Sábio polêmico

Nos últimos dias, diversos líderes mundiais, entre eles o papa Francisco, Barack Obama e Valdimir Putin, enviaram mensagens de solidariedade à família. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, o chamou de “um trabalhador incansável em busca da paz entre israelenses e palestinos”.

Nascido na Polônia (hoje, sua cidade natal, Vichnev, integra o território de Belarus), Peres se mudou aos 11 anos para a região da Palestina que estava sob mandato britânico, área para a qual seguiam judeus de várias partes do mundo com a intenção de estabelecer um novo Estado. Entrou para a política aos 25 graças a David Ben Gurion, o Velho Leão, fundador de Israel.

Apesar de ter participado das grandes batalhas da curta história do país e suas agudas controvérsias políticas, ele construiu uma imagem de político conciliador, sendo considerado um “sábio” da nação. Foi ministro em inúmeros governos, assumiu em duas ocasiões o cargo de primeiro-ministro e, depois, de presidente, entre 2007 e 2014. Ocupou praticamente todos os postos de alto nível no país, desde as Finanças à Política Exterior, passando pela Defesa — é considerado o pai do programa nuclear israelense.

Apesar dos acordos de Oslo e das negociações de paz que ajudou a promover, Peres não conta com a simpatia da grande maioria dos palestinos, que o lembram como aquele que garantiu as primeiras colônias judaicas na Cisjordânia e ainda era primeiro-ministro quando a aviação israelense bombardeou o povoado libanês de Cana, matando 106 civis em abril de 1996.

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