O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, afirmou que seu governo vai empregar todos os recursos legais para garantir a segurança de colonos brasileiros e camponeses que disputam terras em territórios na fronteira com o Brasil, segundo comunicado divulgado nesta segunda-feira. "O governo rejeita toda ideia de violência, de justiça com as próprias mãos vinda de quem quer que seja e instruiu a força pública a assegurar a ordem", diz o documento.
O pronunciamento de Lugo foi feito depois da ameaça de camponeses sem-terra, chamados "carperos", por estarem acampados em barracas (carpas em espanhol) em frente aos grandes latifúndios, de invadir fazendas de brasileiros em Ñacunday, no departamento do Alto Paraná, a 400 quilômetros a sudeste de Assunção. "O Estado de direito representa o único marco para a solução de conflitos", afirmou o presidente na nota.
Os sem-terras dizem que os territórios que reivindicam não estão legalizados, tendo sido ocupados pelos chamados "brasiguaios", brasileiros que vivem e trabalham no Paraguai. "São terras que pertencem ao povo, e que devem ser confiscadas e distribuídas aos camponeses", destacou num ato público Belarmino Balbuena, dirigente do Movimento Camponês Paraguaio (MCP), que defende as invasões.
Os produtores do Alto Paraná respondem que os fazendeiros ameaçados são donos legítimos das propriedades e querem garantias para trabalhar e produzir. "Nada temos a falar com os 'carperos'. A lei deve ser cumprida para que possamos exercer nossos direitos", afirmou outro dirigente do grupo, Hermes Aquino.
Segundo a Federação Nacional Camponesa (FNC), o conflito surgiu depois de o governo detectar irregularidades nos títulos de propriedade de grandes extensões de terras produtivas no Alto Paraná, na região fronteiriça com o Brasil.