O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, afirmou neste domingo (29/03), último dia da cúpula da Liga Árabe, realizada no país, que os líderes participantes do encontro concordaram em formar uma força militar pan-árabe. Eles também decidiram manter os ataques aéreos sobre as bases dos rebeldes xiitas houthis, até que as milícias "se rendam e entreguem suas armas".
Sisi explicou que um comitê de alto nível será formado para trabalhar na implementação da proposta. Funcionários do governo egípcio disseram que a força militar deverá contar com 40 mil soldados de elite, apoiados por aviões e navios de guerra. Mas ainda não está claro quantos dos 22 membros da Liga Árabe estão preparados para contribuir com a criação da força.
"O Iêmen estava à beira do abismo, precisando de movimentações efetivas, árabes e internacionais, após todos os meios de alcançar uma solução pacífica terem se esgotado, a fim de interromper o golpe houthi e restaurar a legitimidade no país", disse o comunicado final, lido pelo secretário-geral da Liga Árabe, Nabil Elaraby.
Segundo Elaraby, foi estipulado um prazo de três meses para que se decida a estrutura, o orçamento e o mecanismo da força conjunta antes de a proposta ser apresentada durante ao Conselho de Defesa Conjunta da Liga Árabe.
A ideia é que a força seja acionada diante de ameaças à segurança nacional de qualquer um dos países árabes e também para o combate de grupos terroristas. No sábado, os líderes árabes afirmaram que agitações e radicalismo na região são uma grave ameaça à estabilidade dos países.
Quarto dia de bombardeios sobre houthis
O atual conflito no Iêmen foi o principal tema das discussões da cúpula anual da Liga Árabe, realizada na cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, que terminou neste domingo, dia em que os ataques aéreos da aliança árabe, liderados pela Arábia Saudita, entraram no quarto dia.
Segundo o porta-voz das Forças Armadas sauditas, brigadeiro-general Ahmed Bin Hasan Asiri, os ataques aéreos estão tendo sucesso em expulsar rebeldes de bases aéreas. Todos os aviões de guerra que restaram no Iêmen foram destruídos, afirmou Asiri, ressaltando ainda que mísseis Scud continuam sendo alvo dos ataques.
De acordo com ministro iemenita do Exterior, Riad Yassin, a operação aérea, batizada de Tempestade Decisiva, evitou que os rebeldes usassem aviões tomados das bases aéreas para atacar outras cidades do Iêmen ou mesmo mísseis para atacar a Arábia Saudita. Segundo o ministro, especialistas estão avaliando a necessidade de uma ação militar por terra.
Pressionado pelas milícias xiitas houthis que se aproximavam da cidade de Aden, de onde vinha governando o Iêmen desde que os rebeldes tomaram o poder na capital, Sanaa, o presidente Abd Rabbuh Mansur al-Hadi fugiu na quinta-feira passada para a Arábia Saudita.
Ele conta com o apoio da maioria dos países da região governada por sunitas, que temem que uma eventual queda do presidente iemenita abra mais espaço na região aos xiitas do Irã, acusado de apoiar os houthis.
Segundo informações da agência de notícias AFP, recentes ataques aéreos também tiveram como alvo o principal aeroporto internacional do Iêmen, na capital, Sanaa, sob controle rebelde. Os houthis também contam com apoio de militantes leais ao ex-presidente Ali Abdullah Saleh.
Trinta e oito pessoas morreram neste domingo em confrontos entre os rebeldes xiitas e tribais no sul do país, próximo a uma região petrolífera, na província de Shabwa.