Jerusalém, 28 abr (EFE).- O ministro das Relações Exteriores israelense, Avigdor Lieberman, advertiu nesta quinta-feira que a recente reconciliação entre Hamas e Fatah pode levar o movimento islamita a tomar o controle da Cisjordânia.
A tese foi apresentada em uma entrevista à emissora de rádio do Exército israelense "Galei Tzahal", na qual Lieberman disse que os esforços para acabar com a divisão política palestina são resultado do temor do Hamas, cujo escritório político tem sua base em Damasco, onde o regime sírio é alvo de manifestações que exigem sua queda.
Os dois movimentos rivais palestinos, o nacionalista e secular Fatah e o islamita Hamas, alcançaram nesta quarta-feira, no Cairo, um acordo histórico para aproximar suas posturas após quatro anos de divergência.
Trata-se de um pacto preliminar destinado a preparar o terreno para um Governo de coalizão quando falta menos de um ano para as eleições na Cisjordânia e em Gaza.
Após o anúncio do pacto, o dirigente do Hamas Mahmoud Zahar disse que o Executivo palestino interino não empreenderá negociações de paz com Israel.
Sobre essa e outras questões relativas ao novo pacto de reconciliação palestina, Lieberman manifestou apreensão pela possibilidade de o grupo islamita, que controla a Faixa de Gaza através da força desde 2007, fazer o mesmo na Cisjordânia.
"Uma das cláusulas do acordo é a libertação de centenas de presos do Hamas das prisões palestinas, o que inundará a Cisjordânia de terroristas armados, para o que o Exército israelense deve estar preparado", disse o chefe da diplomacia de Israel.
Sobre o cenário de fundo que levou à reconciliação entre as facções palestinas, Lieberman disse que "o acordo entre Hamas e Fatah é fruto do pânico", em alusão às recentes revoltas democráticas no mundo árabe.
O ministro israelense precisou que o chefe do birô político do Hamas no exílio, Khaled Meshal, "vê que seu patrão, o presidente sírio, Bashar al-Assad, dispara contra as mesquitas e está preocupado com os distúrbios".
Lieberman advertiu a comunidade internacional de que o acordo interpalestino "cruzou uma linha vermelha" e lembrou que o "Hamas é considerado uma organização terrorista pelo Quarteto para o Oriente Médio (Estados Unidos, União Europeia, ONU e Rússia) desde 2003".
EFE
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