MIsrata, Líbia, 10 Mai 2011 (AFP) -Os rebeldes avançam ao oeste da cidade de Misrata e a Otan voltou a bombardear Trípoli às vésperas do conflito na Líbia completar três meses, em um país que, de acordo com a ONU, corre o risco de parar frente a uma escassez geral.
Na madrugada de segunda para terça-feira, aviões da Otan realizaram oito ataques em um período de três horas, em um violento bombardeio contra a capital líbia. Ainda não se sabe se os ataques fizeram vítimas.
Pelo menos um dos ataques foi direcionado a um prédio já bombardeado em 30 de abril, de acordo com uma fonte oficial da Líbia. No edifício funcionam diversas organizações da sociedade civil.
"Seguimos com a mesma estratégia: reduzir o máximo possível a possibilidade do regime de Muamar Kadhafi de atacar os civis", afirmou à AFP a porta-voz adjunta da Otan, Carmen Romero.
Na região oeste, os insurgentes avançaram cerca de 15 quilômetros ao oeste de Misrata, levantando barricadas e cercando Zliten, cidade de 200.000 habitantes localizada a 150 quilômetros de Trípoli.
"Caso os avanços das últimas 24 horas se repitam, amanhã estaremos às portas de Zliten", ameaçou nesta terça-feira o ex-coronel do Exército Haj Mohammed, responsável pelas das operações na frente oeste de Misrata.
De acordo com ele, o avanço dos rebeldes dependerá da eficácia dos bombardeios da Otan.
No final de março, a organização assumiu o comando das operações militares da coalizão internacional, efetuando em dois meses mais de 2.260 ataques, cumprindo uma ordem da ONU para impedir ataques dos aliados de Kadhafi contra os civis.
Menos de três meses depois de iniciado o conflito, a ONU divulgou um alerta.
"O conflito, a destruição das infraestruturas do país e a escassez de dinheiro e gasolina causam sérios problemas à população da Líbia", declarou na segunda-feira no Conselho de Segurança a secretária-geral adjunta da ONU, Valerie Amos, encarregada dos assuntos humanitarios.
"A escassez geral paralisa o país e a tendência para os próximos meses é um impacto violento sobre a população, especialmente sobre os mais pobres e vulneráveis", salientou Valerie Amos.
Na cidade de Misrata, 200 quilômetros ao leste de Trípoli, onde os bombardeios e combates acontecem há pelo menos dois meses, "alguns não têm o que comer, enfrentam falta d''água e de outros produtos de primeira necessidade. As equipes médicas precisam com urgência de material e pessoal qualificado", afirmou a secretária-geral.
Valerie Amos não divulgou números das vítimas na região, mas estimativas apontam que 746.000 pessoas fugiram do país e outras cinco mil estariam impedidas de cruzar a fonteira com o Egito, Tunísia e Nigéria. Por outro lado, 50.000 pessoas estariam em acampamentos improvisados no leste da Líbia.
De acordo com o alto comissariado da ONU, pelo menos 50.000 refugiados teriam cruzado a fronteira com a Tunísia há cerca de um mês.
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