Samir Knayaz.
Argel, 25 abr (EFE).- Os aviões de combate da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que intensificaram nos últimos dias os ataques aéreos contra diferentes alvos em várias regiões da Líbia, bombardearam nesta segunda-feira o palácio do líder Muammar Kadafi em Trípoli.
Segundo a imprensa oficial líbia, as bombas destruíram totalmente um edifício que abrigava os escritórios de Kadafi e que estava situado no interior do complexo residencial de Bab Al Aziziya.
Além do palácio de Kadafi, os bombardeios da Otan atingiram "áreas civis e militares" de Trípoli, informou a agência líbia "Jana".
Os bombardeios também provocaram cortes nas transmissões das televisões e rádios líbias, que voltaram a transmitir seus conteúdos pouco depois dos ataques.
A televisão oficial divulgou imagens dos prejuízos ocasionados pelos bombardeios aéreos no palácio de Kadafi.
Dezenas de pessoas se concentraram na região para protestar contra a Otan. Muitos exibiam imagens de Kadafi e a bandeira verde simbólica do regime de Trípoli.
A primeira reação oficial aos bombardeios foi a do filho mais velho de Kadafi, Saif Al Islam, que qualificou a operação como uma "covardia".
"A agressão realizada durante a noite é covarde e não nos atemoriza. Não vamos nos render, não vamos levantar a bandeira branca", afirmou, em declarações divulgadas pela "Jana".
O filho de Kadafi acrescentou que "a Otan perdeu a batalha de antemão".
"A batalha da Otan está perdida de antemão porque milhões de pessoas apoiam Muammar Kadafi. Ele é seguido por milhões de jovens que não têm medo", declarou.
Há dois dias, os aviões da Otan bombardearam um alvo nas imediações do palácio de Kadafi, afirmando que se tratava de um bunker, enquanto o Governo de Trípoli sustentou que se tratava de um estacionamento de veículos.
Em março, antes de a Otan assumir o comando das operações, aviões da coalizão realizaram os primeiros bombardeios contra a residência de Kadafi e destruíram um posto de comando militar.
Há mais de uma semana, os aviões da Otan promovem ataques incessantes contra diferentes alvos em diversas cidades líbias.
A imprensa estatal informou que esses bombardeios provocaram a morte de pelo menos 20 pessoas, o que foi negado pela Otan.
No entanto, o aumento da frequencia dos ataques aéreos da Otan não parece ter dissuadido as forças fiéis a Kadafi de renunciar a seus ataques contra os civis e na cidade de Misrata.
Nesta segunda-feira, Misrata, assediada há dois meses, voltou a ser alvo de intensos bombardeios com mísseis Grad, artilharia pesada e obuses de carros de combate.
Um morador da cidade declarou à rede de televisão "Al Arabiya" que seis pessoas, inclusive duas crianças, morreram durante a manhã.
Outra testemunha revelou à emissora "Al Jazeera" que durante o fim de semana outras 42 pessoas morreram e mais de 150 ficaram feridas.
Bombardeios similares foram registrados nas últimas horas em diversas cidades, inclusive em Zenten, onde pelo menos quatro civis morreram.
Rebeldes citados pela "Al Jazeera" revelaram que as forças governamentais preparam um amplo ataque perto da fronteira com a Tunísia para retomar o controle da passagem fronteiriça, que caiu em mãos dos revolucionários na semana passada, após intensos combates.