Dois navios de guerra americanos, incluindo o porta-helicópteros "USS Kearsarge", cruzam nesta quarta-feira o Canal de Suez para alcançar o Mar Mediterrâneo e assumir posição diante da costa da Líbia.
"O USS Kearsarge e o USS Ponce entraram às 6h (1h de Brasília) no Canal de Suez pelo lado sul e seguem para o mar Mediterrâneo", informa um comunicado das autoridades do canal. Para cruzar o canal são necessárias de 12 a 14 horas. Os dois navios procedem do Mar Vermelho, segundo as Forças Armadas americanas.
O grupo de operações anfíbias do "Kearsarge", com 800 marines, uma frota de helicópteros e instalações médicas, pode garantir apoio às operações humanitárias e militares.
O porta-aviões "USS Enterprise", que transporta caças capaces de criar uma zona de exclusão aérea, pode ser solicitado para responder à crise na Líbia. Atualmente está ao norte do Mar Vermelho.
Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi
Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.
Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.
Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.
Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.