Os ataques aéreos da Otan na Líbia estão sendo restritos pelo posicionamento de forças de Muammar Gaddafi junto a civis, disse a França nesta quarta-feira depois de os rebeldes acusarem o Ocidente de fazer pouco para deter o cerco de Gaddafi a Misrata.
Autoridades da Otan declararam que sua campanha aérea de seis dias agora se concentra em Misrata, único grande centro urbano no leste líbio onde a revolta popular contra Gaddafi não foi suprimida e sob bombardeio diário e fogo de atiradores de elite.
O líder do exército rebelde da Líbia acusou a Otan de ser muito lenta para ordenar incursões aéreas para proteger civis, o que permite às forças de Gaddafi massacrar a população de Misrata.
O ministro das Relações Exteriores francês, Alain Juppe, disse que as operações da Otan estão se tornando mais complicadas pelo fato de que as forças de Gaddafi com frequência se posicionam perto de civis como proteção tática contra os ataques das aeronaves.
"Solicitamos formalmente que não haja danos colaterais para a população civil", afirmou ele à rádio France Info. "Isto obviamente torna as operações mais difíceis."
Ele disse que irá abordar o assunto em breve com o chefe da Otan, acrescentando que a agonia de Misrata "não pode continuar", mas que "a situação não é clara, há o risco de ficarem estagnados". Abdel Fattah Younes, líder das forças rebeldes, disse em Benghazi, reduto insurgente no leste, que a Otan os decepcionou.
"A Otan nos abençoa vez por outra com um bombardeio aqui e ali, e deixa o povo de Misrata morrer a cada dia. A Otan nos decepcionou", declarou ele aos repórteres na terça-feira.
Ecoando Juppe, o chefe das Forças Armadas da França expressou sua frustração com o ritmo das operações da Otan.
"Gostaria que as coisas fossem mais rápidas, mas como vocês sabem bem, proteger civis significa não atirar próximo a eles", disse o almirante Edouard Guillaud em entrevista à rádio Europe 1. "É precisamente esta a dificuldade."
Ele disse que as forças da Otan concentram seu poder de fogo em Misrata, onde os rebeldes assumiram o controle da zona portuária, enquanto tentam impedir o transporte de armas rumo a Trípoli, capital e base de Gaddafi.
Aviões de guerra do Catar e dos Emirados Árabes Unidos, países do Golfo Pérsico, participam destas missões, acrescentou Guillaud.
(Reportagem adicional de Brian Love e Nick Vinocur em Paris, Daren Butler em Istambul, Justyna Pawlak em Bruxelas, Arshad Mohammed e Mark Hosenball em Washington)