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Líbia – Fogo amigo deixa Otan em impasse

A ação da coalizão internacional na Líbia parece ter chegado a um impasse. Os ataques aéreos realizados pelas forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) conseguiram avanços contra o exército de Muamar Kadafi, mas, agora, os rebeldes afirmam que também têm sido alvos das bombas lançadas sobre o país pelos aliados. Ontem, 13 opositores morreram e dezenas ficaram feridos devido a disparos de mísseis na cidade de Brega. Além disso, Kadafi criticou o fato de a ofensiva ter, segundo ele, atingido instalações petroleiras. Com o quadro confuso, o envio de tropas para atuar em solo líbio, um plano que não era prioridade para as principais potências, pode se tornar necessário.

Essa foi a segunda vez que os rebeldes disseram ter sido vítimas dos ataques aéreos da Otan. Em um comunicado, a organização afirmou que está investigando as informações sobre o bombardeio em Brega, “onde os combates foram intensos durante vários dias”. A intervenção militar começou em 19 de março e a batalha entre oposição e as forças de Kadafi continuam em vários pontos do leste do país, aparentemente longe do fim.

A coalizão também negou as acusações feitas pelo governo líbio de ter bombardeado instalações petrolíferas na localidade de Al-Sarir, no sudoeste do país. A jazida é uma das mais importantes do país. “A Otan jamais teve a necessidade de organizar ataques aéreos nessa zona, porque as forças leais líbias desse setor não chegam a ameaçar centros com população civil. O único responsável pelos incêndios é o regime de Kadafi, já que sabemos que ele quer impedir a distribuição de petróleo em Tobruk”, afirmou em nota o general Charles Bouchard, comandante da operação.

O general Carter Ham, chefe do comando africano dos Estados Unidos, declarou que é pouco provável que as forças rebeldes da Líbia consigam derrubar o regime de Kadafi. Em uma audiência no Senado americano sobre as chances de vitória da oposição, ele afirmou que a melhor estratégia seria “lutar para abrir caminho até Trípoli”, mas as probabilidades de isso acontecer são baixas, segundo o militar.

As chances de tropas da Otan passarem a lutar ao lado dos rebeldes em território líbio ainda são consideradas pequenas, mas o assunto é discutido especialmente pela França e pelo Reino Unido. De acordo com o ministro das Relações Exteriores francês, Alain Juppé, o Grupo de Contato sobre a Líbia deve se reunir na próxima quarta-feira em Doha, no Qatar. O chanceler afirmou que o grupo está “encarregado de garantir a governança política da intervenção militar” e reiterou o pedido de que os membros da União Europeia (UE) encontrem a oposição líbia para discutir a situação na segunda-feira.

Retirada

A capital Trípoli, centro das forças de Kadafi, também foi alvo de bombardeios ontem. Em Misrata, dominada por rebeldes, o porto foi alvo de foguetes das tropas do governo para impedir o envio de suprimentos ao local. Os arredores da cidade do leste da Líbia também estão sendo bombardeados pela Otan. O ditador, no entanto, pode ter conseguido mais uma vitória. Milhares de opositores fugiram de Ajdabiya, um ponto estratégico na região petroleira, por causa do avanço do exército.

Outro ex-membro do governo líbio pediu refúgio, na Ilha de Malta. Segundo Omar Fathi Ben Shatwan, ministro de Energia entre 2004 e 2006, muitos de seus colegas não fazem o mesmo porque têm medo. “Kadafi não tem nenhum futuro. Nenhum ministro apoia o regime”, afirmou. O político chegou à Europa de barco, depois de uma viagem de 20 horas.

Jornalistas desaparecidos

Quatro jornalistas que faziam a cobertura dos conflitos na Líbia estão desaparecidos, de acordo com a organização de defesa da liberdade de imprensa Repórteres Sem Fronteira (RSF). São dois americanos, um espanhol e um sul-africano, que cobriam a guerra no leste do país. “A organização soube de fonte segura sobre o desaparecimento de quatro jornalistas no leste do país desde 4 de abril passado”, informa a RSF em um comunicado. O grupo também revelou que o governo de Muamar Kadafi deportou 26 repórteres estrangeiros que estavam na capital Trípoli.

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