O governo brasileiro enviará um delegado à reunião da próxima quinta-feira em Paris, convocada pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, para discutir a crise política na Líbia, informa nesta segunda-feira a Agência Brasil. A decisão de participar como país convidado do chamado Grupo de Contato foi tomada após uma reunião nesta segunda-feira entre a presidente Dilma Rousseff e o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.
China e Índia também foram convidados a participar do encontro, que reunirá representantes dos 40 países que apoiam o movimento e cujo objetivo principal será discutir a reconstrução da Líbia.
O Brasil não definiu ainda quem será seu representante, mas o nome mais cotado é o do embaixador brasileiro no Egito, Cesário Melantônio Neto, que já coordenou operações com os rebeldes líbios para a evacuação de cidadãos brasileiros.
Em outra frente sobre a crise no país norte-africano, o Conselho de Segurança da ONU prepara-se para analisar nesta terça-feira as ideias iniciais estudadas pelo secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, para que o organismo internacional tenha presença na Líbia a partido do momento em que o Conselho Nacional de Transição (CNT, órgão político dos rebeldes líbios) se consolidar no poder.
Líbia: da guerra entre Kadafi e rebeldes à batalha por Trípoli
Motivados pelos protestos que derrubaram os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em fevereiro para contestar o coronel Muammar Kadafi, no comando desde a revolução de 1969. Rapidamente, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas de leste a oeste.
A violência dos confrontos gerou reação do Conselho de Segurança da ONU, que, após uma série de medidas simbólicas, aprovou uma polêmica intervenção internacional, atualmente liderada pela Otan, em nome da proteção dos civis. No dia 20 de agosto, após quase sete meses de combates, bombardeios, avanços e recuos, os rebeldes iniciaram a tomada de Trípoli, colocando Kadafi, seu governo e sua era em xeque. Na dia 23 de agosto, os rebeldes invadiram e tomaram o complexo de Bab al-Aziziya, em que acreditava-se que Kadafi e seus filhos estariam se refugiando, mas não encontraram sinais de seu paradeiro. De acordo com o CNT, mais de 20 mil pessoas morreram desde o início da insurreição.