O secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson, disse a nações que se opõem ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, que os EUA não irão cooperar militarmente com a Rússia até que os russos parem de rotular todos os adversários de Assad de terroristas, disse um diplomata ocidental nesta sexta-feira.
"Na discussão, ele deixou claro que não irá haver cooperação militar até que os russos aceitem que nem toda a oposição é de terroristas", contou.
O diplomata se pronunciou depois de Tillerson ter tido suas primeiras conversas com países contrários ao líder sírio, entre eles Arábia Saudita, Turquia, França e Reino Unido.
Chanceler russo se encontra com Tillerson e nega interferência nos EUA
A Rússia não interfere nos assuntos internos de outros países, disse o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, nesta quinta-feira, no início de seu primeiro encontro com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Rex Tillerson.
Repórteres presentes no início da reunião pediram que Lavrov comentasse o tumulto desencadeado em Washington quando o presidente norte-americano, Donald Trump, demitiu um de seus principais assessores nesta semana devido a seus contatos com autoridades russas.
"Vocês deveriam saber que não interferimos nos assuntos domésticos de outros países", disse Lavrov.
Trump expressou revolta com os vazamentos "criminosos" de agências de inteligência dos EUA, alguns dos quais aparentemente mostram que o então conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn, teve conversas com russos a respeito de sanções, algo que negou anteriormente.
Lavrov não se estendeu a respeito da situação em Washington, mas o presidente russo, Vladimir Putin, disse que é do interesse tanto da Rússia quanto dos EUA restabelecer as comunicações entre suas respectivas agências de inteligência.
Trump já disse que espera reatar os laços com Moscou, apesar de relatórios de agências de inteligência de seu país de 2016 terem concluído que a Rússia invadiu e vazou emails do Partido Democrata durante a campanha presidencial, parte de seus esforços para fazer a votação pender a favor de Trump.
Lavrov disse que as duas nações têm "uma série de assuntos" para discutir, muitos dos quais já foram abordados durante um telefonema entre Trump e Putin no dia 28 de janeiro.
"Acredito que podemos debater e estabelecer os parâmetros de nosso trabalho futuro", disse o chanceler, acrescentando: "Muito contente de voltar a vê-lo". Não ficou claro de imediato quando os dois se viram anteriormente.
Na conversa, ocorrida nos bastidores de uma reunião de chanceleres do G20 em Bonn, na Alemanha, repórteres estiveram presentes durante as colocações iniciais de Lavrov a Tillerson, ex-diretor-executivo da Exxon Mobil Corp, mas foram retirados rapidamente quando o norte-americano começou a falar.
"Por que estão pedindo silêncio a eles?", indagou Lavrov a Tillerson, cujos comentários foram interrompidos quando assessores de mídia dos EUA pediram aos jornalistas para saírem do recinto.
Muitos veículos de imprensa vêm se queixando da falta de comunicação de Tillerson com repórteres.
Kremlin diz que espera reparar laços com EUA, vê tempo sendo perdido
O Kremlin disse nesta quinta-feira que a turbulência política nos Estados Unidos está atrasando a retomada de relações melhores entre Washington e Moscou, que são necessárias para se lidar com problemas globais.
"Esperamos que, mais cedo ou mais tarde, o processo comece a retomar uma relação de negócios normal com Washington", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em uma teleconferência com repórteres.
"Estamos perdendo tempo em termos de resolver problemas globais. Porque há muitos problemas que são de um tipo que nem os Estados Unidos nem a Rússia podem resolver eficazmente sozinhos".
Peskov respondia a uma pergunta sobre uma possível investigação dos EUA sobre a renúncia do conselheiro de Segurança Nacional do presidente norte-americano, Donald Trump – o episódio mais recente de uma série de passos em falso e polêmicas na Casa Branca.
Ele disse não estar a par dos pedidos de inquérito e que se trata de um assunto interno dos EUA.
Secretário da Defesa dos EUA diz não ver possibilidade de colaboração militar com a Rússia
O secretário da Defesa dos Estados Unidos disse nesta quinta-feira não ver possibilidade de colaboração militar com a Rússia, em um golpe às esperanças russas de retomar os laços com os EUA após a eleição de Donald Trump.
As comentários são talvez a indicação mais forte do governo Trump até agora de que as perspectivas para uma cooperação significativa entre militares norte-americanos e russos contra o Estado Islâmico na Síria é improvável no curto prazo.
Durante a sua campanha eleitoral, Trump repetidas vezes sugeriu a possibilidade de uma ação conjunta contra militantes do Estado islâmico.
"Não estamos em uma posição no momento para colaborar na área militar. Mas nossos líderes políticos irão se empenhar e tentar encontrar um senso comum", disse Jim Mattis a repórteres após conversas na sede da Otan, em Bruxelas, mencionando também preocupações dos EUA com a interferência russa em eleições democráticas.
Perguntado se acredita na interferência da Rússia nas eleições presidenciais norte-americanas, Mattis disse: "No momento, eu só digo que há muito pouca dúvida de que ou eles interferiram ou tentaram interferir em um número de eleições nas democracias". Ele não citou explicitamente as eleições norte-americanas.
Os comentários de Mattis ocorrem pouco depois de o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, expressar disposição para retomar a cooperação com o Pentágono e no mesmo dia em que o presidente russo, Vladimir Putin, disse ser do interesse dos dois países restaurar comunicações entre agências da inteligência.
"É do interesse de todos retomar diálogos entre as agências da inteligência dos Estados Unidos e outros membros da Otan", disse Putin, falando ao Serviço de Segurança Federal da Rússia".
"É absolutamente claro que nesta área de antiterrorismo todos os governos e grupos internacionais relevantes devem trabalhar juntos".
Mattis disse durante sessão a portas fechadas da Otan na quarta-feira que a aliança precisa ser realista sobre as chances de retomar uma relação cooperativa com Moscou e garantir que seus diplomatas possam "negociar em posição de força", enquanto pediu por um aumento dos gastos militares.
Os comentários geraram resposta do ministro russo Sergei Shoigu.
"Tentativas de construir um diálogo com a Rússia a partir de uma posição de força serão fúteis", disse Shoigu segundo a agência de notícias Tass.
Mattis respondeu: "Não tenho necessidade alguma de responder ao comunicado russo. A Otan sempre apoiou a força militar e a proteção das democracias e as liberdades que queremos passar para nossas crianças".