O secretário de Estado americano John Kerry pediu nesta terça-feira à Rússia que entregue Edward Snowden, procurado pelos Estados Unidos por espionagem, ressaltando que Washington não está buscando "confronto".
Kerry, em visita à Arábia Saudita, ressaltou que a transferência do ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana era uma questão de respeito à lei.
Rússia e China rejeitam pressões dos EUA por Snowden
China e Rússia rejeitaram acusações dos EUA de que teriam ajudado Edward Snowden a escapar da Justiça norte-americana, aprofundando uma divisão entre as grandes potências a respeito do jovem responsável por revelar atividades secretas de espionagem dos EUA.
Snowden, que até recentemente prestava serviços à Agência de Segurança Nacional dos EUA, viajou para Hong Kong antes de fazer a revelação a dois jornais, no começo do mês. No domingo, ele embarcou do território chinês para Moscou.
O Departamento de Estado dos EUA disse que diplomatas e funcionários do Departamento de Justiça estão em contato com a Rússia sobre o caso, sugerindo que há negociações para que Snowden seja repatriado para ser julgado por espionagem.
Snowden já solicitou asilo ao Equador, mas não há voos diretos de Moscou para Quito, o que o obrigaria a fazer conexão em outro país. Ele tinha reserva confirmada em um voo para Cuba na segunda-feira, mas não embarcou.
Jornalistas dentro do aeroporto não o viram no local nem saindo da área de trânsito, e disseram que o esquema de segurança foi abrandado nas últimas 24 horas. Hotéis da zona de trânsito dizem que ele também não se hospedou nesses lugares.
Na segunda-feira, os EUA criticaram Pequim e Moscou por não entregar Snowden, mas esses dois países, que têm atritos com Washington por questões como a guerra civil síria, reagiram com indignação.
"A crítica dos Estados Unidos ao governo central da China é infundada. A China absolutamente não pode aceitá-la", disse Hua Chunying, porta-voz da chancelaria, rejeitando também qualquer crítica a Hong Kong –território chinês semiautônomo– por ter permitido o embarque de Snowden para Moscou.
O chanceler russo, Sergei Lavrov, negou que seu país tenha dado qualquer ajuda a Snowden, inclusive ao autorizá-lo a desembarcar no aeroporto Sheremetyevo.
"Ele escolheu seu itinerário por conta própria. Soubemos a respeito… pela imprensa. Ele não cruzou a fronteira russa", afirmou.
A fala de Lavrov indica que Snowden não passou pelo controle migratório russo, ou seja, permaneceu na área de trânsito do aeroporto, usada por passageiros em conexão.
A agência de notícias Interfax disse ter apurado que Snowden poderia ser detido para a verificação da validade do seu passaporte, caso tentasse passar pelo guichê de imigração. O norte-americano viaja com um salvo-conduto para refugiados emitido pelo Equador, segundo o grupo WikiLeaks, que presta assistência ao denunciante.
Geralmente, o governo russo não se furta a celebrar pessoas que se contrapõem a Washington, mas o presidente Vladimir Putin tem interesse em manter boas relações com os EUA, num momento em que os dois países buscam melhorar sua cooperação de segurança e promover uma conferência de paz sobre a Síria.
Jay Carney, porta-voz da Casa Branca, disse que os EUA pressupõem que Snowden continua na Rússia.
O governo esquerdista do Equador afirmou que ainda não tomou uma decisão sobre a concessão de asilo a Snowden.