O governo japonês ordenou nesta sexta-feira a implantação de um sistema antimíssil que permite ao exército derrubar eventuais foguetes norte-coreanos de longo alcance que ameacem o Japão. "Ordenei funcionários a preparar a mobilização do PAC-3 e navios de guerra Aegis", disse o ministro da Defesa, Naoki Tanaka, a jornalistas, citando os sistemas antimísseis e destroieres. "Estamos conversando com governos locais sobre a mobilização", acrescentou.
Os sistemas antimísseis deverão ser mobilizados na ilha de Okinawa, sudeste do Japão, mas qualquer ordem para derrubar um eventual foguete norte-coreano precisará da aprovação do primeiro-ministro Yoshihiko Noda. A Coreia do Norte anunciou que lançará um foguete no mês que vem para colocar um satélite em órbita, uma ação que os Estados Unidos e seus aliados vêem como um pretexto para testes com foguetes de longo alcance. Autoridades japonesas afirmaram que o projétil passaria por Okinawa.
As preparações do Japão, frequentemente apontado como alvo norte-coreano, ocorre enquanto líderes mundiais incluindo o presidente americano, Barack Obama, preparam-se para uma cúpula nuclear em Seul na semana que vem, oficialmente focada na questão do terrorismo. Mas o programa nuclear norte-coreano também deve entrar no debate.
Em 2009, o Japão ordenou preparações de defesa antimíssil semelhantes antes do lançamento do último foguete de longo alcance de Pyongyang, que levou a condenações por parte do Conselho de Segurança da ONU e sanções contra o Estado comunista. O foguete, que na ocasião a Coreia do Norte também afirmou que serviria para colocar um satélite em órbita, passou pelo território japonês sem causar incidentes ou tentativas de derrubá-lo.
A decisão japonesa acontece dias antes de uma cúpula nuclear organizada em Seul, na qual participarão, entre outros, Yoshihiko Noda e o presidente americano Barack Obama, e que poderá abordar também o dossiê norte-americano. Atualmente em giro pela Ásia, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, alertou a Coreia do Norte de que o lançamento de um foguete pode afetar a ajuda humanitária internacional e agravar a situação já difícil no país.
"Um ato assim violaria os recentes progressos diplomáticos e, por seus efeitos nos doadores internacionais, poderia agravar a situação humanitária no interior do país", declarou em um discurso em Cingapura. Diante de uma audiência de autoridades governamentais, diplomatas e professores, Ban Ki-moon declarou que está "muito inquieto e profundamente preocupado" pelo anúncio de Pyongyang, na semana passada, sobre o lançamento em breve de um foguete carregado com um satélite, previsto para meados de abril. Este lançamento seria "uma violação evidente" das resoluções do Conselho de Segurança da ONU, declarou, ressaltando que a Coreia do Norte enfrenta "uma crise humanitária séria".