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Assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais e ativo nas negociações com governos de esquerda na América Latina, Marco Aurélio Garcia discorda das afirmações de que é um ministro genérico. Confira trechos de entrevista a ZH.
Zero Hora – Até que ponto a ofensiva do senhor e da Unasul contribuíram para diminuir as tensões na Venezuela?
Marco Aurélio Garcia – O diálogo já estava em curso com parte da oposição. Há um setor radicalizado que não quer diálogo. Quando Figueiredo esteve à testa da delegação brasileira, houve diálogo mais intenso com setores da oposição. A impressão é de que houve declínio das manifestações e que isso abriu espaço para soluções consensuais.
ZH – Que tipo de avanços?
Marco Aurélio – A criação de uma comissão que garanta a investigação das denúncias de violações dos direitos humanos. Também tivemos oportunidade de ouvir os empresários e autoridades econômicas do governo, de ouvir não só as queixas, mas também a disposição de contribuir para uma situação de normalização do país. O problema é que, enquanto persistir o clima de comoção nas ruas, qualquer adoção de medidas econômicas se torna difícil.
ZH – Como o senhor vê as críticas de que o Brasil está sendo omisso?
Marco Aurélio – Temos tido uma posição clássica. O Brasil faz parte de um conjunto de articulações da América Latina, como Mercosul e Unasul. Temos uma posição muito ativa, e os venezuelanos por bem ou mal têm reconhecido essa posição. E por uma razão muito simples: o que ocorrer na Venezuela terá interferência sobre o Brasil e a América do Sul. A preocupação central que temos é a da estabilidade política na região.
ZH – Como o senhor recebe as insinuações de que atua como uma espécie de chanceler genérico?
Marco Aurélio – Isso é fruto de duas coisas. Indisposição política, que não tem como discutir. Quem não gosta do governo se agarra a qualquer pretexto. A outra coisa é a ignorância. Quem define a política externa do país é o presidente da República e quem aplica é o Ministério das Relações Exteriores. Quando fui à Venezuela, fui por sugestão do ministro Figueiredo. Em três mandatos, nunca tive atrito com o ministério, muito pelo contrário. O meu papel é um papel subalterno, de assessoramento da Presidência e cooperação leal com o Itamaraty.