O primeiro-ministro do Iraque, Haider al-Abadi, afirmou nesta terça-feira (1º/12) que a ajuda dos Estados Unidos na luta contra o grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI) é bem-vinda, desde que limitada a equipamento militar, treinamento e apoio aéreo.
"Não precisamos de forças de combate terrestre estrangeiras no território iraquiano", declarou Abadi, em comunicado.
Segundo ele, as forças iraquianas estão desempenhando um papel importante na luta contra o "Estado Islâmico" e provaram sua competência. Abadi deixou, porém, uma porta aberta para a participação terrestre dos Estados Unidos, afirmando que qualquer operação militar estrangeira deve ser feita com a aprovação do Iraque e em respeito à soberania do país.
As declarações foram feitas depois de o governo americano ter dito que planeja contar com forças de operações especiais em terra na luta contra o "Estado Islâmico" também no Iraque. Os jihadistas controlam grandes regiões no norte do país, bem como na Síria.
Carter anunciou forças especiais para o Iraque, mas não especificou um número
Nesta terça-feira, o secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter, anunciou o envio de forças de operações especiais para o Iraque – e sinalizou que mais forças poderão ser enviadas à Síria – depois de mais de um ano de ataques aéreos da coalizão internacional liderada pelos americanos. Os americanos vão apoiar os militares iraquianos e os combatentes curdos, disse Carter.
"A comunidade internacional – incluindo nossos aliados e parceiros – deve se erguer antes de outro ataque como o de Paris", afirmou o secretário.
Ele não especificou quantas forças especiais adicionais serão enviadas ao Iraque, mas disse que serão bem mais do que as 50 que estão na Síria. Um funcionário do governo disse à agência de notícias AFP que podem ser 200. Os Estados Unidos já têm 3.500 soldados no Iraque, mas a missão deles é de treinamento.
O Iraque esteve sob ocupação militar americana por mais de uma década depois da invasão de 2003. O resultado é que muitos iraquianos desconfiam das intenções dos Estados Unidos, bem como das milícias xiitas que recebem apoio do Irã.
Várias dessas milícias – que apoiam o governo em Bagdá na luta contra o "Estado Islâmico", mas são vistas com desconfiança pela população sunita – já disseram que vão resistir à presença de tropas americanas no país.
Os Estados Unidos têm sido cautelosos depois da guerra no Iraque, e o governo do presidente Barack Obama inicialmente descartou o envio de tropas terrestres, apostando nos ataques aéreos. Mas essa estratégia tem sido cada vez mais questionada pelos militares americanos, e muitos deles agora afirmam que é impossível derrotar o Estado Islâmico sem a presença de soldados americanos em terra.
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