A Síria continua sendo o principal destino das armas exportadas pelo Irã, violando a proibição de exportações armamentistas impostas pela ONU à República Islâmica, segundo um relatório preliminar confidencial feito por especialistas da organização. O Irã, como a Rússia, é um dos poucos aliados do presidente sírio, Bashar al-Assad, que há 14 meses enfrenta uma rebelião interna contra o seu regime.
O relatório, apresentado pelos especialistas à comissão de sanções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, disse que o painel investigou três grandes lotes de armas fornecidos pelo Irã ao longo do último ano. "Dois desses casos envolveram a República Árabe da Síria, como na maioria dos casos inspecionados pela comissão durante seu mandato anterior, salientando que a Síria continua sendo parte central nas transferências ilícitas de armas iranianas", disse o texto.
O relatório também cita tentativas iranianas de burlar sanções ao seu programa nuclear, mas observa que as quatro rodadas de medidas punitivas impostas entre 2006 e 2010 pelo Conselho ao Irã estão tendo impacto. "As sanções estão desacelerando a aquisição de alguns itens críticos necessários para seu programa nuclear proibido", disse o texto. "Ao mesmo tempo, atividades proibidas continuam, incluindo o enriquecimento de urânio."
O relatório fala longamente sobre as Linhas de Navegação da República Islâmica do Irã (IRISL, na sigla em inglês). A empresa não está oficialmente submetida a sanções pela ONU, mas três subsidiárias suas foram punidas, e o Conselho alerta os governos nacionais a serem vigilantes contra eventuais violações da IRISL ao regime de sanções. O relatório da comissão diz que uma das subsidiárias da IRISL submetida a sanções, a Irano Hind Shipping Company, continua operando embarcações. Diz também que a IRISL é uma empresa difícil de monitorar, pois constantemente altera a propriedade, os nomes e as bandeiras nacionais dos seus navios.
Diplomatas disseram que o relatório preliminar pode ser alterado pelo comitê do Conselho encarregado de monitorar as sanções ao Irã, antes de ser submetido à aprovação do próprio Conselho. O relatório feito no ano passado pelos especialistas nunca foi divulgado por causa de um veto russo.