O Irã ainda depende de tecnologia antiga para expandir seu programa nuclear, no que pode ser um sinal de que encontra dificuldades para desenvolver máquinas modernas que possam acelerar a produção de material potencial para bombas.
Um relatório da agência nuclear da ONU na semana passada apontou que o Irã estava significativamente acelerando seu enriquecimento de urânio, uma descoberta que impulsionou os preços do petróleo em meio a temores de que a tensão com o Ocidente poderia aumentar e se tornar um conflito militar.
Israel ameaçou lançar ataques preventivos para impedir que o Irã faça uma bomba e o ministro da Defesa, Ehud Barak, já disse que o contínuo progresso tecnológico de Teerã significa que o país poderá logo passar para uma "zona de imunidade", sugerindo que o tempo está passando para uma intervenção militar efetiva.
Mas, ao contrário das informações na mídia ocidental antes do relatório da Agência Internacional de Energia Econômica da sexta-feira, o Irã ainda não parece pronto para preparar equipamentos de enriquecimento de urânio para uma produção em larga escala, apesar de anos de testes.
Ao invés disso, o documento da AIEA mostrou que o Irã estava se preparando para instalar outras milhares de centrífugas com base em um design irregular e ultrapassado, tanto na usina principal de enriquecimento em Natanz quanto em uma usina menor em Fordow, em subsolo profundo.
"Parece que eles ainda estão com dificuldades com as centrífugas avançadas", disse Olli Heinonen, ex-inspetor-chefe nuclear da agência da ONU sediada em Viena. "Não sabemos se os motivos dos atrasos são falta de material ou problemas de design", acrescentou.
O Irã afirma que está refinando urânio para alimentar uma rede planejada de usinas de energia nuclear para que possa exportar mais petróleo e gás. Os Estados Unidos e seus aliados acusam Teerã de encobrir a tentativa de obter a capacidade de construir armas nucleares.
Teerã costuma anunciar os avanços técnicos em seu programa nuclear, incluindo o desenvolvimento de novas centrífugas – uma máquina que gira em velocidade supersônica para aumentar a concentração de material físsil no urânio.
Em meados de fevereiro, o presidente Mahmoud Ahmadinejad disse que o Irã tinha agora uma centrífuga de "quarta geração" que poderia refinar urânio em velocidade três vezes mais rápida que anteriormente.
"O Irã revelou um modelo de terceira geração dois anos atrás e nunca disse mais nada a respeito", afirmou Mark Fitzpatrick, do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos. "Agora diz que tem um modelo de quarta geração, que provavelmente é uma variação das problemáticas máquinas de segunda geração."