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Irã e potências mundiais retomam negociações sobre programa nuclear

Equipes de negociadores do Irã e das cinco potências mundiais com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França) como também da Alemanha retomaram nesta terça-feira (15/10), nos escritórios das Nações Unidas em Genebra, as negociações sobre o controverso programa nuclear iraniano.

O encontro de dois dias do Irã e do chamado grupo P5+1 (cinco potências mais a Alemanha) acontece após uma pausa de seis meses nas conversas sobre a recusa do Irã em conter o enriquecimento do urânio em troca do afrouxamento das sanções contra o país.

As reuniões serão dirigidas pela chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, e pelo ministro iraniano do Exterior, Mohamad Javad Zarif. O Ocidente também vê as negociações como um primeiro teste do governo do novo presidente iraniano, Hassan Rohani. Trata-se da primeira negociação desse tipo desde que Hassan Rohani assumiu a presidência iraniana, no início de agosto, e a primeira após uma pausa de seis meses.

O novo presidente é conhecido por defender posições mais moderadas que seu antecessor, Mahmoud Ahmadinejad, o que leva os países ocidentais a nutrir a esperança de uma aproximação. Antes do início das conversas, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, afirmou que as portas da diplomacia estariam "muito abertas". Zarif também disse esperar que as conversas abram um caminho para a solução do conflito.

Disputa em torno do programa nuclear

As atuais negociações são uma consequência de conversas que se iniciaram há dez anos entre o Irã, de um lado, e a França, o Reino Unido e a Alemanha, do outro. Estados Unidos, Rússia e China se aliaram três anos mais tarde, em meio a crescentes sanções internacionais e das Nações Unidas, com vista a forçar o Irã a aceitar um acordo.

Os países ocidentais acusam o Irã de utilizar o seu programa nuclear como pretexto para desenvolver armas atômicas, e rejeitam as afirmações de Teerã de que o programa destina-se somente a fins pacíficos, como a geração de energia.
 

Segundo especialistas, o Irã também está trabalhando num reator que, quando concluído, poderá produzir, anualmente, plutônio suficiente para uma ou duas armas nucleares. Teerã afirma que o reator é necessário para a pesquisa médica e espera finalizá-lo no ano que vem. O plutônio ainda teria de ser convertido para o uso em armas nucleares, mas a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) afirma não ver evidências de que o Irã esteja trabalhando numa instalação de conversão.

À margem do encontro, diplomatas iranianos sugeriram que o país estaria disposto a abrir mão do enriquecimento de urânio a 20%, um nível que está apenas há um pequeno passo dos 80% necessários para uma bomba atômica, mas não do nível de 5%.

Já o Ocidente se diz disposto a aceitar parte do programa de enriquecimento de urânio do Irã se o país concordar com rigorosos controles internacionais e reduzir o tamanho do seu programa nuclear.

Recentemente, o grupo P5+1 exigiu que o Irã interrompesse o enriquecimento de urânio com grau de pureza de 20%, transferisse parte de suas reservas de urânio enriquecido para o exterior e fechasse as instalações nucleares na localidade de Fordo. Em contrapartida, ofereceu um afrouxamento das sanções que, nos últimos 20 meses, levaram a uma crise econômica no Irã. Mas o governo em Teerã rejeitou a oferta.

Advertência israelense

No contexto das atuais negociações, porém, o Irã apontou estar disposto a cooperar. Um acordo final não está sendo esperado da reunião em Genebra. Para Zarif, os negociadores devem, primeiramente, aprovar um novo cronograma. Os detalhes de um acordo entre o Irã e o Ocidente deverão ser discutidos, então, num novo encontro em nível ministerial.

Ashton declarou nesta segunda-feira que vê a reunião em Genebra com um "otimismo cauteloso" e a "determinação" de alcançar uma solução. Ashton afirmou que a reunião desta terça e quarta-feira vai oferecer "a oportunidade de estudar em detalhes e explorar as possibilidades" ligadas às propostas apresentadas pelas grandes potências, de um lado, e pelo Irã, do outro.

Pouco antes do início das negociações, no entanto, o governo israelense advertiu a comunidade internacional de que não aceitasse um acordo parcial, sem garantir o completo desmantelamento do programa nuclear militar do Irã. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse ver o programa nuclear iraniano como uma ameaça à existência de Israel.

CA/dpa/rtr/afp/lusa

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