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Irã deve se submeter à ONU sobre programa nuclear, diz Ban

O Irã tem a responsabilidade "política e legal" de se submeter totalmente às resoluções do Conselho de Segurança e provar que seu programa nuclear é "genuinamente para propósitos pacíficos", afirmou nesta sexta-feira o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon. Ele falou durante uma coletiva de imprensa em Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial.

O secretário-geral destacou que o regime iraniano não cumpriu nenhuma das duas coisas, apesar de ter a obrigação de fazê-lo por ser um Estado membro das Nações Unidas. O Conselho de Segurança da ONU já emitiu até agora cinco resoluções relacionadas ao programa nuclear iraniano, entre as quais quatro incluem sanções pela recusa em colaborar com a comunidade internacional, por meio da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), na vigilância dessas atividades.

Para solucionar esta polêmica, o secretário-geral de ONU defendeu o diálogo. "Não há alternativa para a solução desta crise além de um diálogo pacífico", insistiu Ban. A comunidade internacional aprovou recentemente um embargo sobre o petróleo iraniano, o que aumentou as tensões nos mercados internacionais pelo temor de que esta situação provoque uma alta do preço do petróleo.

Ban também comentou a crise na Síria e confiou que o Conselho de Segurança da ONU atuará de maneira "coerente" na busca por uma solução. Nos próximos dias, a presidência da Liga Árabe informará o Conselho de Segurança sobre as observações da missão enviada à Síria e sua proposta para sair da crise, que em última instância prevê a saída de Bashar Al Assad do governo.

O regime sírio reprime há dez meses os protestos populares que começaram pedindo mais liberdades para os cidadãos e que, apesar do banho de sangue perpetrado pelas forças leais a Assad, se manteve firme. A ONU indicou nesta semana que não está em condições de emitir uma estimativa realista sobre as mortes provocadas pela repressão, mas em seu último cálculo, realizado em dezembro, o número era cifrado em mais de 5 mil.

Apesar da gravidade da situação, até agora o Conselho de Segurança foi incapaz de emitir uma resolução sobre o caso da Síria, devido à recusa da Rússia e da China de condenar claramente o regime sírio. Ban aproveitou sua breve declaração à imprensa em Davos para pedir apoio aos países nos quais movimentos populares conseguiram derrubar velhas ditaduras e que, em tese, estão agora em processo de transição rumo à democracia.

O chefe da ONU disse que essas revoluções pacíficas, conhecidas como Primavera Árabe, constituíram um episódio histórico comparável à democratização da Europa ocidental e dos países asiáticos. "Este tipo de fatos só ocorre uma vez em cada geração", avaliou.

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