Nesta terça-feira (20/03), o líder espiritual do Irã, aiatolá Ali Khamenei, ameaçou Israel e os Estados Unidos com represálias em caso de um ataque ao seu país.
"Se houver um ataque do inimigo – seja dos EUA ou do regime sionista – responderemos na mesma medida", disse Khamenei. "Dissemos que não temos e não queremos construir armas nucleares", declarou o líder num discurso televisionado por ocasião das celebrações do Ano Novo iraniano, nesta terça-feira.
"Não pensamos em ataques ou agressões, mas temos um comprometimento com a existência e a identidade da República Islâmica." Segundo Khamenei, o Corão permitiria uma retaliação em caso de ataque.
Em Berlim, um encontro entre os ministros da Defesa da Alemanha, Thomas de Maiziere, e de Israel, Ehud Barak, mostrou que há divergências entre os dois países na maneira de lidar com o programa nuclear iraniano.
De Maiziere disse que uma ação militar traria riscos incalculáveis para Israel e todos os demais países da região. Ele apelou para que os dois lados recuem nos ataques verbais. Já Barak disse que todas as opções estão valendo e que nenhuma nação do mundo deseja que o Irã tenha armas nucleares.
Boicote comercial
Khamenei também pediu aos israelenses que, diante das sanções internacionais, só comprassem produtos nacionais. Assim os impactos das sanções decorrentes do conflito nuclear poderiam ser mitigados. "Com essa abordagem, o país superaria a conspiração de seus inimigos. Pedimos a Deus que ajude a nação iraniana."
Na segunda-feira, o presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, havia ameaçado a Europa com um boicote comercial por conta das sanções. O boicote poderia deixar 300 mil europeus desempregados, afirmou.
Nos últimos meses, os Estados Unidos e seus aliados endureceram as sanções contra o Irã com o objetivo de forçar o governo em Teerã a abandonar seu controverso programa de enriquecimento de urânio. As sanções levaram a enormes aumentos de preço no Irã e a uma desvalorização da moeda nacional.
Ameaça nuclear
Israel, estreito aliado dos Estados Unidos, sente-se ameaçado pelo programa nuclear do Irã e considera a possibilidade de uma intervenção militar para impedir que o país se arme nuclearmente. Também o presidente norte-americano, Barack Obama, não descartou um ataque como último recurso. Obama alertou, porém, para os riscos de um ataque precipitado e disse contar com o efeito das sanções internacionais impostas a Teerã.
Numa simulação das consequências de um possível ataque israelense a instalações nucleares iranianas, militares norte-americanos alertaram sobre o risco de uma guerra regional, na qual os Estados Unidos inevitavelmente se envolveriam, de acordo com o jornal The New Yotk Times.
Obama declarou, numa mensagem por ocasião do Ano Novo persa, que o isolamento internacional do Irã poderia ter um fim se Teerã adotasse uma "trajetória responsável" para o programa nuclear. Além disso, o presidente norte-americano pediu mais liberdade para o povo iraniano, ao qual teria sido imposta um "cortina eletrônica" com a censura à internet, ao rádio e à televisão.
Mais uma vez, Obama deixou claro que não toleraria uma bomba atômica iraniana. O presidente defendeu novas sanções e pressão diplomática sobre Teerã.
LPF/afp/rtr/dpa
Revisão: Alexandre Schossler